Para ajudar os vizinhos, moradores de comunidades atingidas pelas chuvas superam as próprias perdas

17/01/2011 - 19h03

Thais Leitão
Enviada Especial da Agência Brasil

Nova Friburgo - Às inúmeras histórias de dor e de perdas de quem viveu os momentos de devastação na cidade de Nova Friburgo, região serrana do Rio de Janeiro, somam-se as de pessoas que encontram forças para superar o próprio trauma e ajudar quem está em situação mais grave. Basta percorrer os locais mais atingidos pelas enxurradas para ver moradores que se tornaram voluntários e atuam nos abrigos, nas centrais de distribuição de donativos, nas unidades de assistência médica e no ponto de coleta de sangue para doação.

A agricultora Maria de Souza, de 65 anos, teve a casa bastante comprometida pela força da água, que derrubou parte da estrutura e arrastou móveis e utensílios. Sem ter para onde ir, ela conta com a solidariedade de um amigo, que mora no distrito de Campo do Coelho, bastante atingido pelos deslizamentos de terra. Na casa que a abrigou estão mais quatro famílias, todas dividindo o imóvel de três quartos.

“Tem muita gente lá. A gente se arruma porque não tem jeito de voltar para casa e depende da solidariedade dos amigos. Assim como eu, muitas outras pessoas também fugiram da destruição e se abrigaram com parentes ou gente conhecida que mora em locais menos afetados”, disse ela, que tentava comprar lanternas em um mercado parcialmente aberto no domingo (17) em Campo do Coelho. A região ainda está sem luz, água e telefone.

Seguindo pela RJ-130, que liga os municípios de Nova Friburgo e Teresópolis, os sinais da devastação continuam. Em Conquista, na área rural de Nova Friburgo, uma loja de material de construção abriu as portas. Com a casa ainda inundada pela chuva da semana passada, o dono do estabelecimento montou uma pequena cozinha improvisada, onde são preparadas cerca de 250 refeições por dia, com alimentos doados, para os desabrigados que ocupam uma igreja e uma escola da comunidade. “A gente tem que ajudar porque a desgraça foi muito grande. O pessoal perdeu tudo por aqui”, disse o comerciante.

Edição: Vinicius Doria