Daniel Mello
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – A indústria paulista deve fechar o ano com um saldo de cerca de 120 mil empregos novos, estima o diretor adjunto do Departamento de Economia da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Walter Sacca. Segundo o índice de emprego divulgado hoje (11) pela entidade, de janeiro a outubro, foram criados 195, 5 mil postos, um crescimento de 8,13% na comparação com o mesmo período o ano passado.
Ele previu, no entanto, que haverá o fechamento de algumas vagas até o final do ano, principalmente aquelas relacionadas à produção para o Natal e à colheita da cana-de-açúcar, com o encerramento da safra. Com isso, o saldo final deste ano deverá ficar em 4% no nível de emprego, em relação a 2009, pela estimativa do economista.
Sacca lembrou que o resultado de 2010 só deverá ser positivo, no entanto, porque os dados têm como base de comparação o desempenho ruim do ano passado, já como reflexo da crise financeira internacional de 2008. “Está parando a geração de empregos na indústria. Veio crescendo nos dez meses anteriores porque se comparou com uma base muito ruim do ano de 2009, que estava abaixo da média”, ressaltou. Em outubro, já foi verificada uma quase estagnação da criação de empregos no setor. Foram abertas 1,5 mil novas vagas, uma expansão de 0,07%.
A tendência é que, nos próximos meses, o setor industrial comece a perder postos, segundo o economista. “A situação da indústria é grave, é de desindustrialização, é de não acompanhar o crescimento do PIB [Produto Interno Bruto] do Brasil em função de uma perda de competitividade”.
Essas dificuldades são causadas, de acordo com Sacca, pelos juros elevados e a valorização do real em relação ao dólar, fatores que, na avaliação do economista, necessitam de uma série de ações por parte do governo para serem corrigidas. “Da mesma maneira que se levou tempo para se chegar a essa situação trágica, vai ser necessária uma série de medidas para correção [de tal situação]”.
Entre essas medidas, Sacca destacou a redução da taxa básica de juros, a adoção de barreiras não tarifárias e o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
Edição: Lana Cristina