Carolina Pimentel
Enviada especial
Natal - O incêndio que destruiu a maior parte do acervo de cobras, aranhas e escorpiões do Instituto Butantan, em São Paulo, alertou para as fragilidades de infraestrutura e segurança enfrentadas pelos museus naturais do país. Fiação elétrica exposta, infiltrações e falta de controle da entrada e saídas de pessoas são algumas das situações que colocam em perigo a existência dos museus, segundo especialistas que participaram de um debate sobre os perigos que rondam essas instituições durante a 62ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciências (SBPC).
A diretora do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, Claudia Carvalho, reclamou da falta de treinamento dos funcionários para situação de incêndio e a troca constante dos servidores das áreas de segurança e de limpeza. “Todo mundo sentiu o perigo [depois do Butantan]”, afirmou.
O curador de serpentes do Butantan, Francisco Franco, disse que o governo de São Paulo já lançou edital para a construção de prédio com locais adequados para guardar o acervo. “Acredito que agora vamos ter realmente ter um lugar adequado para trabalhar”, afirmou.
O curador revelou que dos quase mil exemplares usados na identificação de novas espécies – chamados exemplares-tipo – 370 foram resgatados. Segundo ele, novos tambores serão abertos nos próximos meses, porém é pequena a expectativa de encontrar algo preservado. Entre as serpentes, 15% a 20% foram recuperados.
Franco disse ainda que agora vai apelar aos pesquisadores para conseguir resgatar as informações da coleção perdida. “Os dados das pesquisas são guardados em arquivos individuais. Vou pedir ao pesquisador, e se ele tiver boa vontade e nos devolver essas informações, vai ser muito importante”, disse.
Nilson Gabas Junior, diretor do Museu Paraense Emilio Goeldi, disse que o governo federal já mostrou disposição em discutir medidas para resolver, a curto prazo, os problemas mais urgentes dos museus do país. “Houve uma mudança de postura. É um começo”, afirmou.
Edição: Aécio Amado