Pesquisa vai mapear atendimento de doenças do coração em hospitais brasileiros

28/07/2010 - 18h42

Elaine Patricia Cruz

Repórter da Agência Brasil

 

São Paulo - A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e o Hospital do Coração (Hcor) assinaram um acordo na tarde de hoje (28), em São Paulo, para fazer um mapeamento das doenças cardíacas no país. O objetivo é traçar o perfil do brasileiro que tem ou pode vir a ter uma doença cardíaca e avaliar como é feito o atendimento dessas pessoas nos ambulatórios e hospitais do país.

 

O resultado do mapeamento, que será dividido em dois estudos – um para mapear as síndromes coronarianas agudas e outro para avaliar a prevenção das doenças cardíacas – será divulgado no Congresso da Sociedade Brasileira de Cardiologia, no segundo semestre de 2011.

 

“Os registros serão a fotografia do real. Vamos saber o que realmente ocorre na ponta dos atendimentos do país, porque sabemos o que deveria ser feito, mas temos a certeza de que o atendimento é muito diferente do que preconizaríamos como ideal”, disse o presidente da SBC, Jorge Ilha Guimarães.

 

Segundo ele, cerca de 315 mil pessoas morreram no Brasil, no ano passado, de doenças do coração. Em 75 mil desses casos, a causa da morte foi infarto. “Esse número é crescente. Não estamos ganhando a guerra, estamos perdendo. Ano a ano morre mais gente de doença cardiovascular no Brasil”, ressaltou Guimarães.

 

Um dos objetivos da pesquisa, de acordo com o presidente da SBC, é entender por que há tanta diferença entre os índices de morte por infarto num hospital considerado de ponta (que gira em torno de 6%) e o restante do país (16%), por exemplo. Esses dados também poderão ajudar o governo brasileiro a elaborar políticas públicas de saúde e de tratamento adequado para essas doenças e a criar campanhas educativas de prevenção.

 

“Com o crescimento econômico do país, com a posição de liderança que vem ocupando, o Brasil tem que prover dados da mais alta qualidade. E hoje temos um problema de saúde pública gigante no país que é o infarto do miocárdio e a única forma de mudarmos esse cenário é justamente atuando no melhor atendimento do paciente que chega na emergência como também do paciente que é atendido e faz sua prevenção”, afirmou o coordenador do Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital do Coração, Otávio Berwanger.

 

De acordo com Berwanger, a evolução do infarto é causada principalmente pela falência do coração, também chamada de insuficiência cardíaca. E, no Brasil, a principal causa de internação por doença é justamente a insuficiência cardíaca. “Atuando no infarto precocemente e fazendo a prevenção no ambulatório, a gente evita que se tenha mais casos de insuficiência cardíaca.”

 

Edição: João Carlos Rodrigues