Douglas Correa
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – O juiz titular da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, Erik Navarro Wolkart, determinou que o tenente Vinicius Ghidetti Moraes Andrade e o sargento Leandro Maia Bueno sejam levados a júri popular. Os dois militares do Exército são acusados de entregar três jovens do Morro da Providência, na área central da cidade, a traficantes de outro morro carioca. Os jovens foram torturados e mortos.
O crime ocorreu em junho de 2008, quando o Exército participava do projeto Cimento Social no Morro da Providência, com a finalidade de reformar casas de moradores da comunidade. Os três jovens tinham acabado de chegar de uma festa quando foram abordados pelos militares, responsáveis pelo patrulhamento no morro. Em vez de liberar os jovens, os militares decidiram entrega-los a traficantes do morro da Mineira, onde foram torturados e executados. Os corpos foram encontrados dois dias depois em um aterro sanitário na Baixada Fluminense.
A ação revoltou os moradores do Morro da Providência. O ministro da Defesa, Nelson Jobim, chegou a se encontrar com as famílias das vítimas e garantiu que o crime não ficaria impune.
De acordo com a decisão judicial, os dois militares permanecerão presos preventivamente. O tenente e o sargento vão responder por homicídio triplamente qualificado: praticado com crueldade, sem possibilidade de defesa e por motivo torpe. O juiz Wolkart entendeu, ainda, que mais nove militares do Exército envolvidos no episódio não serão processados, pois não existem indícios suficientes de que tenham participado do crime. A data do júri popular não foi marcada e ainda cabem recursos à decisão.
Edição: Vinicius Doria