Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A formação do consórcio Norte Energia, que venceu o leilão da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, foi o resultado de uma reação do governo à pressão das grandes construtoras para aumentar o preço-teto do megawatt-hora do leilão. Assim, o governo estimulou a formação de um grupo de empresas menores, considerado o “azarão” do leilão, que venceu a disputa buscando um modelo de contratação diferenciado.
A informação é do coordenador do Grupo de Estudos do Setor de Energia Elétrica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Gesel-UFRJ), Nivalde de Castro. Ele explica que o modelo de contratação de Belo Monte será idêntico ao já adotado para a Usina Hidrelétrica de Jirau, no Rio Madeira (RO): não há uma construtora com um contrato de preço fixo para fazer a obra, mas várias empresas de engenharia, o que diminui o risco do empreendimento e reduz o custo da obra.
“O consórcio comandado pela Chesf [Companhia Hidroelétrica do São Francisco] foi estimulado a ser agressivo no leilão para buscar uma outra forma de contratação que permitisse ser competitivo e ganhar o leilão”, avalia Castro.
O especialista avalia que as construtoras Odebrecht e Camargo Corrêa, que desistiram de disputar o leilão de Belo Monte, poderão entrar no projeto mais tarde, como responsáveis por uma parte da obras. Segundo ele, a entrada da Eletronorte como sócio estratégico, anunciada pouco depois do leilão, será fundamental para dar viabilidade ao projeto.
“Isso já era esperado, a Eletronorte iria entrar em qualquer consórcio que ganhasse porque ela é a empresa que melhor conhece o empreendimento. Ela é um sócio estratégico, por isso não entrou em nenhum consórcio antes”, explicou.
Edição: Lílian Beraldo