Brasil tem que liderar a integração regional, defende presidente eleito do Uruguai

28/02/2010 - 16h44





Vladimir Platonow

Enviado especial da Agência Brasil

Montevidéu - O presidente eleito do Uruguai, José Mujica, afirmou hoje (28), que cabe ao Brasil o papel de liderar a integração regional do Mercosul. Mujica concedeu entrevista coletiva à imprensa estrangeira no Palácio Legislativo. Ele evitou entrar em assuntos da política interna do Brasil, como as eleições deste ano, mas ao ser perguntado, deu uma pista de sua preferência: “A decisão [de eleger o presidente] compete ao povo brasileiro. Mas ultimamente tenho gostado das mulheres no poder”.

Sobre o Mercosul e as relações bilaterais com o Brasil, Mujica reconheceu que o bloco está enfraquecido e chamou à responsabilidade o governo brasileiro.

“O Mercosul está falhando porque os latino-americanos não querem entrar de cabeça. Penso que o Brasil está sendo chamado a cumprir um papel absolutamente essencial na melhora da integração. O Brasil é praticamente o líder natural da região e na medida que assuma isso, seguramente vai contribuir em uma proporção muito alta na solução das dificuldades que temos agora“, disse o futuro presidente uruguaio, que toma posse nesta segunda-feira (1).

Também participou da coletiva o vice-presidente eleito, Danilo Astori, que atuou como ministro da Economia do governo atual, de Tabaré Vázquez. Ele pediu maior atenção dos brasileiros com o Mercosul e comparou com o processo de integração europeu, em que as grande economias ajudam as menores.

“Para ser líder, tem que ser reconhecido como líder. E a verdade é que nós reconhecemos uma liderança praticamente natural do Brasil na região. Mas para ser líder, tem que exercer a liderança. E para exercer a liderança tem que ter generosidade. Os grandes líderes da Europa têm sido muito generosos para possibilitar o desenvolvimento de países que foram incorporados à comunidade”, frisou Astori.

O futuro vice-presidente citou os pontos que ele considera problemáticos no processo de integração e citou o caso de governos estaduais que impõem restrições.

“No Brasil, os estados às vezes tomam decisões contrárias às do governo central. Nós, por exemplo, temos problemas com o governo do Rio Grande do Sul, que contraria a vontade do governo federal e prejudica produtos uruguaios. Restrições como [dificuldade de tirar] licenças de importação e requisitos burocráticos do governo gaúcho detêm o ingresso de produtos, contra a vontade do governo federal”, citou Astori.

A cerimônia de posse do novo governo uruguaio está marcada para começar no inicio da tarde no Palácio Legislativo e terminar em ato público, na Praça da Independência. Já estão confirmadas as presenças de presidentes e representantes de diversos países. Os Estados Unidos serão representados pela secretária de Estado, Hillary Clinton. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também estará presente.

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