Agenda ambiental deve sobressair no Fórum Social Mundial

24/01/2010 - 13h42

Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Depois de ganhar força na última edição do Fórum Social Mundial(FSM), em Belém (PA), no ano passado, a questão ambiental deveráser um dos principais temas de debate na reunião de avaliação doevento, o Fórum Social 10 Anos: Grande Porto Alegre, previsto paracomeçar amanhã (25), na capital gaúcha.Segundoos articuladores do evento, o tema está entre as discussões desdeas primeiras edições, no início da década, mas se tornou o centrodo debate, na última reunião. De acordo com a coordenadora doNúcleo Brasil Sustentável da organização não governamental Fase,Fátima Mello, a realização de um FSM na Amazônia foi umdivisor.“O fórum foi realizado num território onde osconflitos socioambientais são gritantes. A Amazônia é o espelhoda crise do atual modelo de desenvolvimento, no qual a exploraçãopredatória dos recursos da natureza se dá de forma mais queinsustentável, social e ambientalmente”, afirmou. Arealização da conferência das Nações Unidas (ONU) sobre o clima,em Copenhague, no final do ano passado também acelerou a inclusãodas questões ambientais nas rodadas de discussão do FSM. Como oevento internacional não apontou soluções globais para o problema,a expectativa é que essa edição do fórum sistematize propostas dasociedade.“Existem centenas de organizações decamponeses, indígenas, mulheres, quilombolas, seringueiros, comexperiências concretas de resistência na Amazônia. Eles têmgestado uma série de propostas alternativas que podem se transformarem políticas públicas”, avaliou a diretora da Fase.Ocoordenador do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômica(Ibase), Cândido Grybowki, também atribui à migração dasdiscussões do FSM para as questões ambientais à participação demais jovens, conforme constatou pesquisa.“Eles trouxeram outrapreocupação. Antes a agenda era marcada pelo ataque à globalizaçãoe passamos agora a discutir justiça social mas também justiçaambiental”.De acordo com Grybowki, um dos fundadores doFSM, a questão tornou-se tão urgente quanto o combate aoneoliberalismo, que resultou na destruição do meio ambiente emvárias partes do planeta.“Não precisamosdizer que a globalização está errada. Ela está caindo de podre.Temos como desafio expressar melhor nossas propostas e ideias. Ofórum nos dá um espaço”.Sem deixar de combater o modeloneoliberal e tratar de problemas decorrentes da ordem financeiramundial, os principais temas do FSM desde as primeiras edições, osecretário executivo do Conselho Latino Americano de CiênciasSociais (Clacso), o professor Emir Sader, avalia que o fórum precisacomeçar a pressionar por decisões políticas, principalmente noBrasil.“A construção de um outro mundo avançou naAmérica Latina. Mas o fórum só colocou propostas sociais e ficouna etapa anterior, na década passada, na resistência aoneoliberalismo. O outro mundo está passando por governos como o daBolívia e do Equador”, avaliou. Na opinião de Sader, o fórumprecisa de novas estratégias para dar conta dos problemas de ordemglobal.