Morales toma posse destacando avanços no país, mas diz que é preciso fazer mais

22/01/2010 - 16h43

Renata Giraldi
Enviada Especial
La Paz - Em pouco mais de três horas de discurso, o presidentereeleito da Bolívia, Evo Morales, começou hoje (22) oficialmenteseu segundo mandato, que terá duração de cinco anos. Usando traje típico de festa dos indígenas, Morales fez um balanço doprimeiro governo, mostrando números que indicam avanços econômicose sociais. Ele reconheceu, porém, que é preciso fazer mais e, paraisso, pediu o apoio de todos os bolivianos e dos paísesdesenvolvidos.Morales aproveitou para mandar um recado aosgovernos dos países desenvolvidos, que a seu ver, defendem oincremento econômico pela ocupação da natureza. Também ironizouos Estados Unidos e sua política de “ocupação”. A crítica aosnorte-americanos ocorre dois depois de ele repudiar a presença dos12 mil militares enviados pelos Estados Unidos ao Haiti, paísdevastado por um terremoto no último dia 12. Pelo programaoficial da posse de Morales, seriam quase dez horas e novesolenidades distintas, com direito a festa popular no estádioHermano Siles, em La Paz (capital administrativa), no encerramentodas festividades. Mas houve atrasos entre uma solenidade e outra.Os presidentes da Venezuela, Hugo Chávez; do Chile, MichelleBachelet; do Equador, Rafael Correa, e do Paraguai, Fernando Lugo,participaram da festa. O Brasil foi representado pelo assessorespecial da Presidência da República Marco Aurélio Garcia. Ospopulares assistiram às cerimônias na praça em frente ao Paláciodo Governo. “Avançamos muito nestes quatro anos, mas épreciso fazer muita coisa. Tenho um pedido aos países desenvolvidos:é possível acabar com a fome e a miséria, sem destruir anatureza”, afirmou Morales. “Peço a todos os bolivianos e aospovos originais [os indígenas] que trabalhemosjuntos.”Morales fez um balanço detalhado dos quatro anosde seu primeiro governo. Segundo ele, todos os números mostramavanços. Pelos dados revelados por ele, o Produto Interno Bruto(PIB, soma de todos os bens e serviços produzidos no país) subiu de3,45%, em 2005, para 4,75%, em 2009. No país, que registra10,2% de desempregados, Morales destacou que foram abertas 28 milvagas de trabalho apenas no ano passado. Para ele, outra conquistafoi o registro de 170 cooperativas e 1.298 sindicatos emfuncionamento no país.O presidente ressaltou também que aBolívia, com 14% da população analfabeta, tem atualmente 5,8milhões de alunos matriculados em suas escolas. Segundo elo, aevasão escolar caiu de 5% para 2% ao ano. Um dos principaisproblemas na Bolívia é que os moradores da área rural costumammudar de endereço conforme a safra, o que faz com que as crianças eadolescentes saiam das escolas.Morales destacou ainda o fatode 159 mil estudantes terem concluído cursos universitários naBolívia em 2009 e a criação de três universidades indígenas,além do acordo firmado com a iniciativa privada para que 3.168descendentes de índios frequentem cursos superiores no país.