Renata Giraldi
Enviada Especial
La Paz (Bolívia) - Alvo de críticas e elogios, o presidente reeleito daBolívia, Evo Morales, para mais cinco anos no poder não passa incólume.Em quatro anos de governo, ele atraiu a atenção internacional por suasopiniões e também pelo estilo indígena que insiste em preservar.Internamente, Morales promoveu uma série de mudanças no cotidiano dopaís – do nome de República da Bolívia para Estado Plurinacional daBolívia – à moeda, à bandeira e ao ensino público, sem considerar asalterações na Constituição e na Legislação Eleitoral.Emdecorrência da mudança do nome do país, as moedas e cédulas estão sendotrocadas para a substituição do “República da Bolívia” para “ EstadoPlurinacional da Bolívia”. A bandeira colorida, que representa as 37etnias indígenas, ou como preferem os bolivianos “os povos originais”,foi incluída na nova Constituição como oficial, ao lado da Bandeira Nacional boliviana.No país que tem três línguas oficiais –espanhol, quichua e aimawa – e 62% da população se definem comoindígenas, Morales decidiu criar escolas para o ensino público dequichua e aimawa. Em geral, ao discursar, ele se dirige em espanhol etambém em um dos outros dois idiomas. Na Bolívia, Morales atraimais admiradores do que críticos, tanto é que foi reeleito com 64% dosvotos.Solteiro,aos 50 anos, Morales avisou que “não nasceu para o matrimônio” e nãopretende se casar enquanto estiver no poder. Porém, preserva sua vidaprivada de tal maneira que não há informações sobre ela, exceto que temdois filhos nascidos de namoros anteriores ao período em que assumiu ogoverno. Também costuma visitar, no interior do país, seus dois irmãos- um que é agricultor e outra que é dona de açougue. Os pais jámorreram.No ano passado, Morales conseguiu promulgar a novaConstituição - que estabelece o poder do Estado sobre os recursosnaturais e amplia os direitos dos indígenas – e alterar a LegislaçãoEleitoral, permitindo, por exemplo, a ampliação do mandatopresidencial de quatro para cinco anos. Ambas as mudanças tiveram apoiopopular.No exterior, Morales consolidafrequentemente a imagem que o caracterizou: controvertido, crítico dogoverno norte-americano e admirador do ex-presidente de Cuba FidelCastro e do presidente da Venezuela, Hugo Chávez. Na última semana,condenou duramente os Estados Unidos pelo envio de 12 mil homens para oHaiti. Segundo ele, é uma “ocupação” e o dinheiro gasto com osmilitares poderia ser aplicado em ajuda humanitária.O estiloMorales gera polêmicas, mas é exatamente o que agrada a seueleitorado. “Morales tem personalidade e trabalha pela Bolívia nascidades, nos departamentos [o equivalente a estados no Brasil], no paíse também no mundo”, afirmou o líder comunitário Roberto Darío.“Apoiamos a maneira de ele ser e que siga adiante da mesma forma edefendendo os interesses da Bolívia e da América Latina”, disse o líderindígena Mário Bica.