Bolívia é país marcado por conflitos internos e tensões com vizinhos

22/01/2010 - 6h07

Renata Giraldi
Enviada Especial
La Paz (Bolívia) - Com poucos mais de 9 milhões de habitantes, sem saída para o mar ecercada pelos Andes, a Bolívia tem uma história marcada por conflitoscom os países vizinhos e tensões internas. Até 1982, havia ditaduramilitar e várias restrições no país aos indígenas bolivianos, que são62% da população. Os bolivianos, em geral, têm orgulho de sua história,das conquistas territoriais e mantêm firmes as tradições e costumes.Analistaspolíticos afirmam que a vitória e a recondução do presidente EvoMorales, de 50 anos, representa a reação popular aos anos de opressãopolítica e social. Até a década de 70 havia locais no país que proibiama presença de indígenas e descendentes. A discriminação estimulou apopulação boliviana a impor restrições a tudo que representa ocolonizador espanhol, segundo especialistas.Em 2005, o entãolíder do do Movimento Esquerdista Boliviano Cocalero, Evo Morales, chegouao poder ao obter maioria no segundo turno das eleições e manter afidelidade à cultura de seus ancestrais. Quatro anos depois, foireeleito com 64% dos votos, embora alvo de polêmicas e críticas.Nas ruas de La Paz (capital administrativa), oseleitores de Morales têm orgulho do que ele representa. “Sou partidáriode Morales porque olha para os mais pobres. Antes dele, isso nãoocorria”, afirmou o motorista de táxi Celso López. “Espero que elepromova mais oportunidades de emprego, que é o que nós estamosprecisando”, disse o agricultor Florencio Suarez.Para o professor de ensino rural David Arriaz, o governo Morales deve concentrar a segunda gestãono estímulo à produção rural e à melhoria nos sistemas de educação esaúde públicas. “Temos de pensar que este é um país basicamente rural”,disse ele, lembrando que mais de 40% dos bolivianos vivem no campo.Napolítica interna, Morales mantém controle quase absoluto sobre osgrupos políticos, até núcleos empresariais e entidades civis. Opresidente tem maioria nas câmaras de Senadores – formada por 27parlamentares – e de Deputados – integrada por 130 políticos. Tambémconta com o apoio de sindicatos e organizações não-governamentais querepresentam grupos específicos, como mulheres indígenas, entre outros.Aestrutura social na Bolívia segue, em parte, a tradição dos indígenas, queé a divisão de tarefas por meio de comunidades de vizinhança. Ascomunidades são responsáveis por áreas específicas, exercendo aliderança e o comando, e a partir daí são realizadas ações em comumacordo com o Estado. Morales também tem forte influência nessessegmentos. Em abril, 1.700 conselheiros serão eleitos pelos bolivianos.