ONG faz mobilização para aumentar livros acessíveis no país

14/01/2010 - 5h22

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Emboraexistam várias leis no Brasil que garantem a acessibilidade àcomunicação, são raros os livros acessíveis no país, isto é, produzidosem várias mídias para atender às pessoas portadoras de deficiênciafísica ou intelectual, dislexia, amputados de membros superiores oucom dificuldades motora ou de leitura.Pioneira na produção de livros e espetáculos acessíveis no país, a organização não governamental (ONG) Escola de Gente lança no próximo dia 18, no Rio, a publicação Os Inclusos e os Sisos - Teatro de Mobilização pela Diversidade. O livro conta  a história de cinco jovens atores, alunos de artes cênicas da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro(Unirio), que desde 2003 se dispuseram a sair pelo Brasil encenandopeças que buscam mobilizar as pessoas para a causa da diversidade eda inclusão.O Decreto 5.296/2004 representou grande passo paratornar a comunicação mais acessível, disse à Agência Brasil asuperintendente-geral da ONG,Claudia Werneck. “Se você faz um livro só impresso em tinta, você estásendo altamente discriminador não só em relação a quem é cego, mastambém em relação ao analfabeto, que não teve acesso à educação. Vocêdá uma dupla punição para essa pessoa”.Claudia explicou que quando se faz um livro acessível, ele não é voltado somente para pessoas  comdeficiência. “A gente está falando em pessoas que tiveram um AVC [acidente vascular cerebral], analfabetos, pessoas com deficiênciaintelectual, com dislexia. Então, o livro acessível é um conceito muito amplo; a ideia de ter um livro ou folheto impresso só em tinta é uma ação de  discriminação no processo de comunicação”.No ano passado, o governo assinou o Decreto 6.649, que ratificou a Convenção das Pessoas com Deficiência, da Organização das  NaçõesUnidas (ONU). “Essa convenção foi o primeiro tratado de valorconstitucional no Brasil”, destacou Claudia. Ela foi aprovada peloCongresso Nacional e virou uma superlei, que aborda também a questãoda acessibilidade na comunicação.O livro da ONG é editado em oito mídias, incluindo CD de áudio MP3,  DVD em libras (linguagem para surdos),  conteúdopara computador nas versões PDF, OpenDoc, TXT e Daisy. A obra éimpressa no formato espiral para facilitar o manuseio pelaspessoas com algum tipo de deficiência. “O livro acessível faz partedesse movimento de você dar novo significado ao livro”, disse Claudia Werneck.O objetivo é garantir rapidez no processo de democratização da cultura noBrasil, acrescentou.Segundo Claudia, o livro acessível tem relação direta com apolítica, com direitos humanos, entre outras áreas. “Entretanto, eleainda é considerado um favor. A gente acha o contrário. Naconcepção do que é ler e ter acesso  à comunicação, todos esses formatos [de livro] têm igual valor. Não existe nada que seja subjacente”.Outra novidade introduzida pela organização Escola de Gente é que o livro não será vendido, apesar de ser um  projeto aprovado pela Lei Rouanet [de incentivo à cultura] e terpatrocinadores. Escrito na forma de um espetáculo teatral, ele serádistribuído com a meta de facilitar a democratização desse produto paraprofissionais e instituições interessadas em conhecer livros em formatoacessível. O objetivo é não só informar as pessoas quanto àacessibilidade na comunicação, mas também sensibilizar e mobilizar apopulação para essa causa.