Traumatizados com terromoto, militares lamentam mortes no Haiti

13/01/2010 - 18h37

Monica Gugliano
Repórter da EBC
São Paulo - “Como podemosexplicar às famílias desses soldados e a nós mesmos o queaconteceu?”, perguntava aos seus subordinados na tarde de hoje (13) um graduado general. Desolados, nas últimas 24 horas, osmilitares brasileiros tentavam entender uma triste ironia. Emsegundos, um terremoto em Porto Príncipe fez o que, até agora,nenhuma bala haitiana conseguira: impôs baixas em um doscontingentes das tropas brasileiras que, desde 2004, ajudam noesforço de reconstrução de um país paupérrimo.Outro militar, o coronel PedroPessoa, do Centro de Instrução de Operações de Paz (CioPaz)do Exército Brasileiro, também não escondia sua desolação. “Não consigoimaginar que essas pessoas estão mortas.”Sob os escombros doprédio da sede da Minustah, em Porto Príncipe, desapareceram oex-chefe do coronel e hoje chefe da missão da Organização dasNações Unidas (ONU), Hedi Hannabi – cuja morte já foiconfirmada - e o brasileiro Luiz Carlos da Costa, segundo nahierarquia da força de paz. “Foi a maior pancada que a gente játeve”, acrescentou Pessoa.No CioPaz, os militaresestavam estupefatos. Não é para menos: todas os homens que o Brasilenvia ao Haiti – contingentes que se revezam a cada seis meses –passam por treinamentos lá. A escola, com sede no Rio de Janeiro,tem ajudado também a formar especialistas de outros paíseslatino-americanos.Em São Paulo, apreocupação do Comando Militar do Sudeste – a quem estavasubordinada a maior parte das vítimas brasileiras – é com aremoção dos corpos que já foram identificados no Haiti. A ONUcostuma seguir uma série de procedimentos legais para liberar osfuncionários mortos. Mas, a expectativa é de que isso aconteçarapidamente.