Falta de trabalhadores da construção civil pode comprometer obras da Copa

13/01/2010 - 18h01

Roberta Lopes
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Projetos de obras daCopa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016 poderão ficarcomprometidos por falta de mão de obra no setor da construçãocivil. A afirmação foi feita hoje (13) pelo presidente daAssociação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção(Abramat), Melvin Fox. Segundo ele, a cada anoserão necessários mais 600 mil trabalhadores para suprir asnecessidades de mão de obra do setor. “Estamos trabalhando nisso há dois anos, porque nossa preocupaçãoé qualificar, profissionalizar esse trabalhador. Infelizmente, aconstrução civil sempre foi vista pelo trabalhador como forma deresolver um problema imediato, de poder ter um serviço sem ter umaqualificação”, disse Fox, em entrevista à AgênciaBrasil.Fox informou que existem atualmente cerca de 9milhões de trabalhadores no mercado da construção civil. Eleressaltou, no entanto, que, desse total, dois terços estão nainformalidade e não têm boa qualificação. “Isso é muitoprejudicial, porque temos uma mão de obra pouco qualificada, a umcusto mais baixo, mas, quando se olham os resultados finais, aprodutividade é baixa.”De acordo com Fox, a perspectivapara os próximos dois anos no setor é de crescimento entre 7% e 8%ao ano. Grande parte desse crescimento será motivada principalmentepelas obras da Copa do Mundo de 2014, do programa habitacional MinhaCasa, Minha Vida e das Olimpíadas de 2016.. O presidente daConfederação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores nasIndústrias da Construção Civil e da Madeira, Valdemar Pires deOliveira, admitiu a carência de mão de obra qualificada e atribuiuo fato à falta de incentivo para que a construção civil se torneatrativa para os trabalhadores. “Eu diria que, hoje, muitosdos que eram qualificados já se aposentaram. Hoje, se eu disser quenão vai faltar mão de obra, serei irresponsável. O que temos aindaestá dando conta, mas é preciso investir na formação e naqualificação”, afirmou Oliveira. Para ele, se o mercadoda construção civil continuar aquecido, como está hoje, épossível que em breve faltem trabalhadores para o setor. “Com asOlimpíadas, com a contrição do trem-bala, com o povo exigindo cadavez mais acabar com o déficit habitacional e, naturalmente, com ogoverno incentivando e financiando [o setor], sem dúvidaalguma vai faltar mão de obra em breve.”Oliveira cobrou dosetor empresarial uma nova postura para que os trabalhadores sesintam atraídos pela construção civil, setor em que, segundo ele,os salários estão muito baixos e as condições de trabalho, ruins.“É preciso discutir uma nova cultura para o setor.” Deacordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados(Caged) do Ministério do Trabalho, entre janeiro e novembro do anopassado, a construção civil gerou 228.151 com carteira assinada. Em2008 foram gerados no setor 197.868 empregos formais.