Corpo da médica Zilda Arns deve ser transportado amanhã para o Brasil

13/01/2010 - 17h28

Lúcia Nórcio
Repórter da Agência Brasil
Curitiba - O corpo da médica sanitarista Zilda Arns, que morreusoterrada entre escombros de uma igreja no terremoto em Porto Príncipe, será enterrado no Cemitério Água Verde, apósvigília na sede da Pastoral da Criança na capital paranaense. Zilda Arns, fundadora ecoordenadora Internacional da Pastoral da Criança, morreu no momento queconcluía uma  palestra para cerca de 150 pessoas numa igreja do Haiti.O coordenador nacionaladjunto da Pastoral da Criança, Nelson Arns, filho de Zilda, disse hoje (13) ter sido informado de que sua mãe teve morteinstantânea, assim como todos os que passavam no local na hora do desabamento. O corpo da médica estáem uma unidade do Exército brasileiro na capital haitiana e, deacordo com as primeiras informações, deve ser transportado para oBrasil amanhã (14). Nelson Arns disse que autoridades de todo o país estão entrando emcontato com a família para confirmar a presença no velório e noenterro de sua mãe. “Em todas as coordenações [da Pastoral daCriança] espalhadas pelo país será celebrada uma missa, jáque a maioria das pessoas que trabalhavam como voluntárias não terácondições de vir”, informou.Para ele, Zilda Arns cumpriu sua missão e morreu fazendo o que gostava. “Arriscariadizer que, se ela soubesse que, indo para o Haiti, iria morrer, massalvar vidas, ela iria. Não tinha medo, já esteve em vários paísesem momentos críticos, e isso não a assustava. Ser persistente emsuas metas era sua principal característica”, completou.Nelson lembrou que amãe sempre dizia que não tinha substitutos e sim sucessores eacredita que, no Brasil e em outros países, muitos estão dispostosa prosseguir com o trabalho pelas crianças necessitadas.“Ela era conhecida como uma grande líder e grande mãe de todos.Preparou 300 mil voluntários que hoje atuam em diversos níveis daPastoral. São os próprios moradores de favelas, pessoas pobres queconhecem a realidade local. Cada voluntário acompanha de 10 a 15crianças para ter tempo para sua própria família”, ressaltou.Segundo o filho, Zilda Arns sempre defendeu que, além dessa preparação, tinha quehaver o conhecimento técnico de como proceder para melhorar aqualidade de vida das crianças em seu ambiente familiar e em suacomunidade. Ela buscava constantemente informações na OrganizaçãoMundial de Saúde, no Ministério da Saúde e nas universidades. A Pastoral daCriança está presente em 4 mil municípios brasileiros acompanhando1,7 milhões de crianças e gestantes.A religiosa Rosângela Altoé, de 56 anos, que viajou para oHaiti no último domingo (10), junto com Zilda Arns, sobreviveu àtragédia mas não há informações sobre seu estado de saúde. Elas retornariam ao Brasil no próximo sábado (16).Zilda Arns estavano Haiti participando de uma conferência de religiosos e tambémpara motivar os líderes e voluntários da Pastoral da Criançanaquele país, onde trabalham com crianças, gestantes e famíliascarentes. A Pastoral da Criançaatua em Angola, na Guiné Bissau e em diversos países da AméricaLatina, além do Haiti.