Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Ministério dasRelações Exteriores estuda a hipótese de enviar um avião da Força AéreaBrasileira (FAB) para buscar os feridos durante o ataque a brasileirosna região de Albina (a 150 quilômetros de Paramaribo), no Suriname. Em meio àsnovas ameaças de violência contra brasileiros, desta vez na área deTabaki, o Itamaraty conseguiu que o governo surinamês reforce opoliciamento na região. Um grupo de 20 policiais foi enviado para o local.Paralelamente, o Itamaraty ordenou um mapeamento de todosos brasileiros que vivem no Suriname. Por falta de dados oficiais edocumentos legais, a estimativa é ampla: os números variam de 12 mil a22 mil, a maioria em áreas de garimpo. Haveria também brasileiros envolvidos com prostituição e com tráfico de drogas.Outradificuldade, de acordo com diplomatas, é que na tentativa de fugir dasameaças de violência, muitos escapam para a mata fechada. As áreas deselva no Suriname são extensas e de difícil acesso.Na noite doúltimo dia 24, cerca de 200 estrangeiros, entre brasileiros e chineses,foram atacados por quilombolas surinameses em Albina. Na região vivem principalmente garimpeiros e suasfamílias, que não dispõem de documentos legais. No entanto, a motivaçãodo ataque teria sido um suposto crime envolvendo umbrasileiro e um “marrom” - como são chamados os quilombolas (descendente de escravos). Segundo os sobreviventes, foi umanoite de terror e massacre. Há informações de que pelo menos 20mulheres teriam sido estupradas. O Itamaraty não confirma, mas tambémnão nega. Pediu, porém, ao governo do Suriname que investigue asdenúncias.Por enquanto, há cinco brasileiros internados em hospitais do país. Um deles, em estado mais grave, pode ter obraço amputado em decorrência de ferimentos causados por cortes defacão. Não há risco de morte entre os feridos, segundo o Itamaraty.Depois do ataque, na véspera do Natal, 25 brasileiros foramhospitalizados.A Embaixada do Brasil em Paramaribo informou quetodos os brasileiros que estavam em Albina foram retirados do local. Aorientação é para que evitem áreas de risco no Suriname.A medida vale, inclusive, para jornalistas que fazem reportagens nopaís.