Priscilla Mazenotti
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Oex-ativista político italiano Cesare Battisti está em greve defome até que o Supremo Tribunal Federal julgue sua extradição,pedida pelo governo da Itália. Em carta entregue ao senador JoséNery (P-SOL-PA), Battisti disse que não pode aceitar “a humilhação de sertratado como criminoso comum”.“Nãome resta outra alternativa a não ser desde agora entrar em greve defome total, com o objetivo de que me sejam concedidos os direitosestabelecidos no estatuto do refugiado e preso político. Espero comisso impedir, num último ato de desespero, esta extradição, quepara mim equivale a uma pena de morte”, informou no documento.Acarta foi entregue a Nery durante visita a Battisti, que estápreso no presídio da Papuda, em Brasília. O senador entregou acarta ao ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República,Luiz Dulci, para que seja encaminhada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que estáem Roma.Ojulgamento no Supremo deve ser concluído semana que vem. Falta apenaso voto do presidente da Corte, ministro Gilmar Mendes. A decisão, até omomento está empatada. Metade dos ministros é favorável àextradição por considerar que os assassinatos atribuídos aBattisti são crimes comuns. Outra metade, entende que as mortes sãoconsideradas crimes políticos e por isso Battisti deve receber acondição de refugiado político no Brasil.“Alémde tudo, é surpreendente e absurdo que a Itália tenha me condenadopor ativismo político e no Brasil alguns poucos teimam em meextraditar com base em envolvimento em crime comum. É um absurdo,principalmente por ter recebido do governo brasileiro a condição derefugiado, decisão à qual serei eternamente grato”, escreveuBattisti.Oitaliano foi condenado à prisão perpétua na Itália, em 1993,acusado de quatro assassinatos. Exilado, viveu na França, no Méxicoe foi preso em 2007 no Brasil. Em janeiro, o ministro da Justiça,Tarso Genro, concedeu refúgio político a ele.