Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A jovem Ana Cristina Costa do Nacimento, de 24 anos, foi enterrada na tarde de hoje (26) no cemitério de Irajá, na zona norte da cidade. Ela morreu ontem (25) atingida por uma bala perdida, próximo à Favela Kelsons, na Penha. O tiro atravessou o corpo de Ana Cristina e feriu o braço a filha Caienny, de 11 meses, que ela segurava no colo.O enterro reuniu cerca de 200 pessoas e muitas culpavam os policiais militares pela tragédia. Eles teriam entrado na comunidade atirando. Pedindo para não serem identificados, os vizinhos de Ana Cristina levavam cartazes em protesto contra a violência policial.“Isso acontece toda hora, [a polícia] já chega atirando. A gente quer mostrar que não existe só bandido em comunidade carente. Existe nós, que somos trabalhadores. Temos o direito de ir e vir e visitar nossas famílias. Eles do nada entraram atirando”, afirmou uma moradora, escondendo o rosto atrás do cartaz.Emocionado, Anilton de Aragão, marido de Ana Cristina, desabafou e pediu respostas das autoridades pela morte da esposa. “A culpa é da incompetência desses governantes. Falam bem, falam na televisão, falam bonito, comem bem, fortes, gordos, viajam bastante. E nós, que moramos dentro de uma comunidade, estamos vivendo essa guerra. Hoje foi a minha esposa. Quase foi a minha filha, quase foi a minha família inteira. Quero saber quando isso vai acabar e qual a resposta que eles vão me dar”, disse Anilton, que acompanhava a esposa no momento em que ela foi baleada.Segundo assessoria da Polícia Militar, os policiais foram recebidos a tiros pelos traficantes quando chegavam na comunidade, mas não revidaram. As armas dos PMs foram recolhidas e estão à disposição da Polícia Civil, que investiga a morte de Ana Cristina e o ferimento em Caienny. A menina foi internada no Hospital Getúlio Vargas e corre o risco de perder o braço.