Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A invasão de traficantes ao Morro dos Macacos foi feita "aos poucos", diferentemente de outras ações do tipo, quando criminosos organizam "um bonde", composto por várias pessoas. “A população reporta que eles [traficantes] entraram demaneira dissimulada, aos poucos, a pé, de um em um ou de dois em dois,no máximo”, informou o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, que reconhece que novos confrontos entre traficantes pelo controle da venda de drogas podem se repetir. Ontem (17), no Morro dosMacacos, zona norte, um helicóptero da Polícia Militar fez um pouso forçado depois de ser atingido por tiros. Doze pessoas morreram e pelo menos oito ônibus foram incendiados.“Claro que [a disputa] entretraficantes pode acontecer [novamente]. Não se pode descartar,trabalhamos com todas as hipóteses. Isso historicamente aconteceu.Posso afirmar que a perda de território e o enfraquecimento dedeterminadas facções proporcionam isso”, afirmou.Ele disse que o serviço deinteligência não consegue antecipar todas as investidas “desesperadas”do tráfico, embora “cerca de 80%” das ações criminosas sejaminterceptadas. “Nós temos antecipadomuito esse tipo de situação, mas dizer que isso não vai maisacontecer, que está descartada, não dá.”Beltrame também revelou que entre as armas suspeitas de derrubar o helicóptero da Polícia Militar estão um fuzil 7.62, umametralhadora ponto 30 ou uma metralhadora ponto 50. Aaeronave foi utilizada no patrulhamento da área em conflito e abatidapelos bandidos, deixando dois policias mortos e quatro feridos. Asvítimas serão enterradas nesta tarde, no cemitério de Sulacap, zonanorte.Durante este domingo,a polícia está em alerta com cerca de 2 mil homens de prontidão.Desde ontem (17), realiza cercos e operações em áreas de influência dotráfico. Na favela do Jacarezinho, zona norte, 300 quilos de maconhaforam apreendidos, duas pessoas foram mortas e quatro levadas presas.Em outras favelas, ao todo, foram apreendidos nove carregadores depistolas, 24 de fuzis, uma granada e duas pistolas. No Morrodos Macacos, alvo da disputa entre as facções, o clima ainda é detensão. A comunidade está cercada pela PM e todos os veículos queentram ou saem são revistados. A corporação também utiliza cães nabusca por mais corpos e armas. Os moradores continuam assustados, masalgumas famílias que estavam fora desde a madrugada de sábado, começam a retornar a suas casas.