Escolarização de crianças que trabalham melhorou, mas diferença com as que só estudam se manteve

18/09/2009 - 9h55

Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A taxa de escolarizaçãodas pessoas de 5 a 17 anos que estavam ocupadas, os chamadostrabalhadores infantis, aumentou 1,9 ponto percentual entre de 2007 para  2008, alcançando 81,9%. Com exceção daRegião Sul (79,4%), que apresentou redução de1,6 ponto percentual no indicador, houve aumento em todas asregiões.Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional porAmostra de Domicílios (Pnad) relativa ao ano de 2008,divulgada hoje (18) pelo Instituto Brasileiro de Geografia eEstatística (IBGE). O estudo, publicado anualmente, traz umaradiografia da situação econômica do país,com informações sobre população,migração, educação, trabalho, família,domicílios e rendimentos.Para a secretáriaexecutiva do Fórum Nacional de Prevenção eErradicação do Trabalho Infantil, Isa Maria deOliveira, a elevação não é suficienteporque quando se observam os dados relativos à populaçãoem geral nessa faixa etária (de 5 a 17 anos) tambémobserva-se um aumento (de 92,4%, em 2007, para 93,3% em 2008),mantendo a distância entre os dois grupos. “Permanecepraticamente a mesma diferença de escolarizaçãoentre os que só estudam e os que estudam e trabalham. Essadiferença é de mais de 10 pontos percentuais e isso émuito importante porque, embora à primeira vista pareçaum dado positivo, a verdade é que você tem duasparalelas que não se aproximam". Segundo Isa Maria, quando há concorrênciaentre trabalho e estudo, de fato a educação éprejudicada, passa a ser um direito negado. "Com isso se dá umcírculo vicioso: pessoas sem preparação para omercado de trabalho, que vão para a informalidade, comrendimentos baixos e acabam formando famílias pobres erepetindo o ciclo da pobreza”. O levantamento mostra que a proporção de ocupados de 5 a 17anos de idade era maior entre no sexo masculino (13,1%) do que no feminino (7,1%) em todas as regiões do país. Asprincipais atividades exercidas por essa parcela da populaçãocontinuam sendo a agrícola (35,5%) e os empregos ou trabalhosdomésticos (51,6%). Pelo menos uma em cada dez morava emdomicílio com rendimento mensal per capita menor que um quartodo salário mínimo ou sem rendimentos. Emrelação à carga horária, o estudo revela que as pessoas ocupadas de 5 a 17 anos trabalhavam em média26,8 horas por semana e mais da metade (57,1%) exercia tambémafazeres domésticos, principalmente as meninas (83,3%). Entre os meninos, essa era a realidade de 43,6% deles.Nafaixa que vai dos 14 a 17, apenas 9,7% do contingente de empregadosou trabalhadores domésticos possuía emprego registrado.Já na faixa entre 16 ou 17, o percentual sobe para 13,1%.Emrelação aos rendimentos, o estudo destaca que aspessoas de 5 a 17 anos de idade ganhavam em média R$ 269,00,em 2008, mais do que os R$ 262,00 verificados em 2007. Por outrolado, 32,3% dessa parcela da população nãorecebiam qualquer remuneração e numa faixa maisestrita, das pessoas com idade entre 5 e 13 anos, o percentual atinge60,9%.