Crise adia meta de zerar deficit nominal em pelo menos dois anos, diz Mantega

29/07/2009 - 17h35

Wellton Máximo*
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O agravamento da crise financeira internacional adiou os planos dogoverno de zerar o deficit nominal, admitiu hoje (29) o ministro daFazenda, Guido Mantega. Segundo ele, com a diminuição nas receitas e oaumento dos gastos públicos nos últimos meses, o equilíbrio das contaspúblicas foi adiado em dois anos.“É claro que a criseatrapalhou. Antes da crise, eu pretendia zerar o deficit nominal em2009 ou no máximo em 2010. Porém com a queda na arrecadação e anecessidade de fazer política anticíclica [aumentar os gastos dogoverno para estimular a economia], prorrogamos para algo como 2011 e2012”, afirmou o ministro. O deficit nominal é o resultado negativo nas contas públicas após as despesas com os juros da dívida pública.Mantega,no entanto, afirmou que a própria crise impediu a disparada da dívidapública por causa da redução da taxa básica de juros (Selic) pelo Banco Central (BC) nosúltimos meses. Ao derrubar a taxa, o BC reduz as despesas com juros, oque abre espaço para o governo reduzir o esforço fiscal e aumentar osgastos sem acarretar uma escalada na dívida pública.“Uma dasvantagens desse período de crise é que as despesas com juros estãocaindo. Portanto, mesmo com um superavit primário menor, as despesasfinanceiras também são menores. Uma coisa compensa a outra. A reduçãoda taxa básica de juros ajuda portanto a atingir a meta fiscalprevista”, destacou Mantega.De acordo com o ministro, asdespesas com juros atualmente somam 5,23% do Produto Interno Bruto(PIB, soma de todos os bens e serviços produzidos no país), contra 8,47% do PIB em 2003.Sobre o acordo com oParaguai, que eleva a taxa paga pelo Brasil pela energia de Itaipu não utilizada pelo país vizinho, o ministro disse que os mecanismos de compensação ainda nãoestão definidos. “É possível que não haja nenhuma despesa do Tesouro emrelação a isso, que a conta seja de Itaipu. Ainda vamos definir comovai ser feito isso. O presidente Lula ainda não bateu o martelo quantoà solução definitiva”, explicou.Em relação ao lançamento detítulos do Tesouro no mercado internacional, que ocorreu hoje, oministro afirmou que o governo está sendo ousado ao emitirpapéis com prazo de quase 30 anos. “Estamos testando o mercado porquenão sei se há países emitindo papel com esse prazo. Queremos ver se vaihaver demanda porque queremos demonstrar que o Brasil é umpaís seguro para aplicar em títulos que só vencem em 2037”, declarou.