Exército de Honduras aumenta repressão na fronteira com a Nicarágua

26/07/2009 - 22h35

Roberto Maltchik
Enviado especial da EBC
El Paraiso (Honduras) - O Exército ampliou a repressão no acesso à fronteira entre Honduras e a Nicarágua.Até mesmo a equipe da Cruz Vermelha, que traz comida, médicos e remédio para aregião, enfrenta dificuldades para ultrapassar as barreiras militares. Voluntários de Honduras, que também se deslocam para a região com água ecomida, não passam pelos bloqueios. Os militares alegam que a movimentaçãodeles está proibida por causa do toque de recolher, que se estende por mais dedois dias na região fronteiriça.De acordo com o tenente-coronel Ayala, que controla um dos bloqueios maisrigorosos, a 50 quilômetros da fronteira (local onde a mulher do presidentedeposto Manuel Zelaya está retida), existe a possibilidade de confronto entreos simpatizantes do presidente deposto e moradores da cidade de El Paraiso,favoráveis ao golpe de Estado. “Existe preocupação. Não sabemos exatamente oque pode acontecer lá”, admitiu.Neste domingo, a reportagem da EBCultrapassou 15 barreiras policiais, reforçadas pelo Exército, no caminho entrea capital Tegucigalpa e a fronteira.Os moradores da fronteira, que apoiam o presidente de facto, RobertoMicheletti, organizam-se aos poucos para reagir às manifestações favoráveis aZelaya.Uma assembleia de dirigentes do movimento que defende o retorno do presidentedeposto decidiu na tarde de hojeque a mobilização na fronteira vai prosseguir portempo indeterminado. Zelaya coordena as ações contra o golpe da cidade nicaraguansede Ocotal, a 30 quilômetros da fronteira. A comunidade internacional criticou apresença de Zelaya na região.O presidente deposto disse à EBC quefalou por telefone, ontem (25), com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Naconversa, segundo Zelaya, Lula disse que articula novas estratégias paraterminar com a crise, acreditando ainda numa saída diplomática. “Conversamossobre a necessidade de forçar sanções não apenas contra os mentoresintelectuais do golpe, que já são todos conhecidos, mas também contra osresponsáveis materiais”, disse Zelaya.Em Tegulcigalpa, apesar do toque de recolher entre meia-noite e 6h da manha, oclima é de tranquilidade. Não há registros de violência nas últimas horas.