Hospitais do Rio não estão preparados para enfrentar gripe suína, afirma vereador

16/07/2009 - 21h19

Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O sistema de saúde municipal do Rio não está preparado para enfrentar um aumento expressivo no número de casos de influenza A (H1N1) - gripe suína. O alerta é do presidente da Comissão de Saúde da Câmara Municipal, vereador Carlos Eduardo (PSB). Ele inspecionou hoje (16) o Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, e se disse impressionado com a falta de profissionais e equipamentos no local.Carlos Eduardo foi investigar uma denúncia de falta de atendimento feita pela parente de uma paciente idosa, que tentou ser internada ontem (15), mas não conseguiu sequer medir a temperatura, pois não havia termômetro. Segundo ele, a situação de despreparo é a mesma nos demais hospitais e postos de saúde do município, que têm 128 casos de gripe suína e hoje registrou o primeiro óbito pela doença.“Enfrentaremos enorme dificuldades. A epidemia de gripe suína é dez vezes pior do que a da dengue. É preciso melhorar a gestão da saúde, para que não deixe faltar um termômetro em um hospital de emergência”, avaliou o vereador, que é médico e já foi diretor do Hospital Municipal Miguel Couto.Para ilustrar sua preocupação, Carlos Eduardo citou o exemplo da Rocinha, favela que sofre um surto de tuberculose, agravado pelo fato das casas serem muito próximas umas das outras e não haver ventilação adequada. “A tuberculose enfraquece o sistema imunológico, o que agrava o quadro da gripe. Dizer que os hospitais não estão preparados não é alarmismo. É a verdade”, afirmou.Ele classificou de “tímidas” as ações da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) para enfrentar o problema que, entre outras iniciativas, disponibilizou um ônibus volante nos bairros com informações sobre a gripe suína. “Ônibus não adianta. O que adianta é melhorar o atendimento no interior dos hospitais, maternidades e postos de saúde”, disse o vereador.Segundo ele, a tendência é haver uma migração maciça de doentes para os hospitais públicos, em busca de atendimento, que poderão enfrentar falta de funcionários e de equipamentos básicos. Outro aspecto criticado pelo vereador é a falta de investimento no Programa de Saúde da Família (PSF), que poderia detectar na ponta os casos de gripe suína: “Já se vão 180 dias e o Rio de Janeiro continua com a pior cobertura do país, com menos de 5% do sistema de saúde atendido”.A assessoria da SMS rebateu as críticas do vereador. Disse que 200 novos médicos foram contratados desde o início do ano para atuar nas emergências dos grandes hospitais e que ações contra a gripe suína estão sendo tomadas desde os primeiros sinais da doença, que passou a ser monitorada em um gabinete integrado, entre as esferas municipal, estadual e federal.A assessoria reconheceu que a estrutura do PSF ainda está muito abaixo do ideal, mas informou que já dobrou o número de equipes desde o início da gestão. A secretaria negou que haja falta de termômetros ou de equipamentos para exame de sangue e disse que foi aberta uma sindicância para apurar o que ocorreu com a paciente no Hospital Lourenço Jorge.