Estados produtores de soja adotam vazio sanitário para evitar ferrugem asiática

04/07/2009 - 0h56

Lúcia Nórcio
Repórter da Agência Brasil
Curitiba - Entre junho e outubro,durante a entressafra, os estados brasileiros produtores de sojaadotam o vazio sanitário, por recomendação da Empresa Brasileirade Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Num período de 60 a 90 dias,não pode haver plantas vivas em parques, praças e nem mesmo grãosderramados nas rodovias nessas unidades da Federação. O objetivo éum só: impedir a germinação da planta para que as lavouras nãosejam contaminadas pela ferrugem asiática – doença que jáprovocou prejuízos estimados US$ 13,4 bilhões aos sojicultores.Segundo a pesquisadoraClaudia Godoy, da Embrapa Soja, em Londrina, o vazio sanitário visaa reduzir a sobrevivência do fungo Phakopsora pachyrhizi, causadorda ferrugem asiática, principal doença da soja e de alto potencialdestrutivo. O fungo, acrescenta a técnica da estatal, ataca asplantas, prejudicando a formação de grãos, com perdas econômicassignificativas nas lavouras.“Nove anos após osurgimento dos primeiros focos no Brasil, a estimativa é que aferrugem asiática tenha provocado prejuízos de US$ 13,4 bilhões, somando os custos do controle, perdas na colheita e a queda naarrecadação com a cultura”, diz Claudia. Em cada safra, assinala,os prejuízos com a doença chegam a cerca de US$ 2 bilhões para osagricultores e poderiam ser bem maiores não fosse a interrupção doplantio.Com a adoção do vaziosanitário, a aplicação de fungicidas nas lavouras foi reduzida. “Alguns produtores chegavam a fazer sete aplicações durante ociclo de desenvolvimento da planta. Com a introdução do vaziosanitário e consequentemente sem a proliferação do fungo causador da doença, essenúmero caiu para, no máximo, 2,5 aplicações. É umresultado muito bom.”O vazio sanitáriocomeçou em Mato Grosso e em Goiás, em 2006. A partir de 2007,passou a ser adotado por Mato Grosso do Sul, pelo Tocantins, por São Paulo,Minas Gerais, pelo Distrito Federal e Maranhão. No ano passado, foi introduzido noParaná e na Bahia. Neste ano, Mato Grosso,Paraná e Santa Catarina implantaram o sistema a partir dejunho. Todas essas unidades daFederação seguem instruções normativas locais.A preocupação emcombater a ferrugem asiática deve-se à grande importância da sojapara o agronegócio brasileiro. De acordo com o chefe deadministração da Embrapa Soja, Amélio Dall' Agnol, a oleaginosa éo produto mais importante na pauta brasileira de exportações.“Em 2008, asexportações brasileiras somaram US$ 200 bilhões. Desse total, US$ 17bilhões foram provenientes da soja, sem contar os benefícioseconômicos indiretos da produção do grão”, lembra Dall' Agnol.Do total plantado comgrãos no Brasil, 47% são de soja. Cerca de 4,5 milhões de pessoasvivem direta e indiretamente da produção da oleaginosa no país. A áreacultivada na atual safra foi de 21,73 milhões de hectares, ondedevem ser produzidas 57,14 milhões de toneladas, conforme as últimasestimativas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para operíodo 2008/2009.O Brasil é o segundomaior produtor de soja no mundo, perdendo apenas para os EUA, ecaminha para assumir a liderança num futuro próximo, prevê o chefeda Embrapa Soja.