Nível de ocupação caiu mais entre as mulheres desde o início da crise

02/07/2009 - 10h06

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O estudo ACrise Econômica Internacionale os (Possíveis) Impactos sobre a Vida das Mulheres,lançado hoje (2) pela Secretaria Especial de Políticas para asMulheres do governo federal, mostra que deoutubro de 2008 a abril deste ano houve queda de 1,6% no nível deocupação entre os homens e de 3,1% entre as mulheres.

A maiorqueda na ocupação feminina ocorreu entre as empregadas sem carteiraassinada no setor privado (-13,53%, contra uma queda de10,1% entrehomens na mesma situação). Entre os trabalhadores com carteiraassinada, a taxa de ocupação caiu 0,6% entre mulheres e cresceu0,82% entre homens.

Por outrolado, cresceu 8,9% a ocupação feminina sem remuneração, contrauma queda de 13,7% nesse tipo de trabalho executado por homens.

“Uma dashipóteses é a de que as mulheres antes empregadas em outrasocupações, desempregadas ou inativas tenham tido que se inserir nosempreendimentos familiares – talvez substituindo trabalhadores quetiveram que ser desligados – na condição de colaboradoras, quetrabalham, mas não têm renda própria”, conclui a pesquisa..

Na análisedos setores mais atingidos pela crise, a indústria de transformaçãoteve redução de 7,41% na mão de obra masculina e de 4,22% nafeminina, mas com grandes variações entre os diferentes segmentosda indústria.

Naconstrução civil, houve queda de 3,54% na ocupação masculina eelevação de 2,96% na ocupação feminina. Na agropecuária, foiregistrada redução de 22,48% nos postos de trabalho femininos e de10,71% entre os homens.

Os setoresde comércio e serviços foram aparentemente menos afetados pelacrise econômica internacional, com crescimento do emprego formal,ainda que em menor ritmo do que nos meses anteriores à crise.

Nocomércio, entre outubro de 2008 e abril de 2009 foram criadas 52.278vagas, contra 247.568 entre outubro de 2007 e abril de 2008. No setorde serviços, foram abertos 126.839 postos de trabalho, contra399.394 no ano anterior.

Asmulheres ficaram com 88,8% das novas vagas no comércio e 78,29% dosnovos postos de trabalho em serviços. “Como o estoque de empregonesses setores é grande, a “feminização” do emprego formal nãoacarretou grande alteração percentual na composição do empregosegundo sexo”, diz o estudo. Na prática, a participação femininacresceu 0,36% no comércio e 0,34% no setor de serviços.

Uma das conclusões da pesquisa é que“parece existir ummovimento de freio na feminização do mercado de trabalho”,caracterizado pela retirada das mulheres do mercado em direção àinatividade, enquanto os homens seguem buscando emprego, assimcontribuindo para a ampliação das taxas de desemprego masculinas.

“Ademais,reforça-se a precariedade do trabalho feminino, pois os novos postosgerados no contexto de crise estão concentrados entre aqueles semremuneração, enquanto para os homens este tipo de trabalho maisprecário se reduz no período”, diz o texto.Oestudo foi feito em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografiae Estatística (IBGE), o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada(Ipea) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT).