Diretor do Ipea defende investimento público como forma de superar a crise

28/04/2009 - 21h50

Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O diretor de EstudosMacroeconômicos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea),João Sicsú, disse hoje (28) que, pelo que se verificou no início de ano, com a baixa execuçãoorçamentária do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a taxa deinvestimentos em 2009 será menor que a de 2008. Para ele, esse fator será um entrave narecuperação econômica do país.A afirmação foi feita em audiência pública na comissão especial da Câmara que analisa o impacto da crisefinanceira mundial na indústria. Ele mencionou a existência de sinaisde recuperação da economia nacional e disse que “o consumo domésticoserá o carro-chefe da recuperação”, mas destacou que a melhora daeconomia está ocorrendo de forma muito lenta e que “o investimentopúblico é necessário para dar mais ritmo ao crescimento”.O supervisor técnico do DepartamentoIntersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), ClóvisScherer, ressaltou, na audiência, que a burocracia oficial é um empecilho forte, queimpede a agilização das liberações de recursos para novosinvestimentos. Ele acrescentou que a falta de continuidadeadministrativa também contribui para atrasar e até impedir a conclusãode programas necessários ao desenvolvimento.Scherer fez demorada exposição sobre os números do desemprego, que atingiu 9% no mês de março,de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).Ele disse que o trabalho formal perdeu 692 mil vagas, de outubro do ano passado até o final de março, dos quais 498,6 mil empregos na indústria e 72,7 mil na construção civil.A pergunta que todos se fizeram, a começar pelo presidente dacomissão, deputado Albano Franco (PSDB-SE), foi como reverter essequadro e garantir mais empregos e renda para a População EconomicamenteAtiva (PEA). No entanto, a indagação não foi respondida.Para o presidente da organização não-governamental (ONG)Instituto Desemprego Zero, o economista José Carlos de Assis, a crise provocou uma quebra de paradigma, umcolapso, e “nenhum de nós [economistas] sabe o que vai acontecer”.