Procurador diz já ter elementos para denunciar investigados da Satiagraha

27/04/2009 - 19h33

Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O procurador da República Rodrigo de Grandis disse hoje (27) ter elementos suficientes para apresentar denúncia contra alguns dos investigados da Operação Satiagraha. “Existem indícios para a denúncia. O que não posso adiantar agora é se vou denunciar por quais crimes e quais as pessoas”, disse.Após receber o inquérito policial, que está em fase de conclusão pela Polícia Federal, o Ministério Público Federal (MPF) terá o prazo de 15 dias para oferecer ou não a denúncia contra os investigados.Hoje, a Polícia Federal indiciou 13 pessoas pela prática dos crimes de lavagem de dinheiro, evasão de divisas, gestão fraudulenta, empréstimo vedado e formação de quadrilha. Entre os indiciados estão o banqueiro Daniel Dantas e sua irmã Verônica Dantas, que prestaram depoimento na manhã de hoje na Polícia Federal. Os nomes dos demais indiciados não foram divulgados pela PF, “tendo em vista que os procedimentos permanecem sob segredo de Justiça”. Os indiciamentos se referem a um dos inquéritos da Satiagraha, que investiga especificamente crimes financeiros no Grupo Opportunity.“O indiciamento não causa estranhamento ao Ministério Público porque, de fato, já havíamos notado os indícios da prática de crime. Mas isso não significa que há uma vinculação do Ministério Público, que não fica atrelado a esse indiciamento. No momento de uma manifestação conclusiva, o MPF pode oferecer uma acusação por outros crimes”, explicou de Grandis.O procurador lamentou a estratégia usada pela defesa para que Dantas se mantivesse calado no depoimento que prestou na manhã de hoje (27) para o delegado da Polícia Federal Ricardo Saadi, responsável pelas investigações da Satiagraha. “Achei frustrante porque achava que os investigados aproveitariam essa oportunidade que a lei brasileira confere para explicar sua versão sobre os fatos, de tentar esclarecer alguns pontos daquilo que eles mesmo têm alegado desde o momento inicial da deflagração da Operação Satiagraha”, disse. Pela manhã, o advogado Andrei Schmidt, que defende o banqueiro, disse que ele e os demais diretores do Opportunity iriam se manter em silêncio porque existiam provas documentais que não estavam presentes aos autos. Indagado sobre que provas seriam essas, o procurador afirmou “que a defesa não chegou a apontar quais documentos estavam faltando e que documentos seriam esses”.Em nota, a Polícia Federal informou que o relatório final da investigação deverá ser entregue ao juiz Fausto De Sanctis, da 6ª Vara Federal de São Paulo, até o fim desta semana e que o ministro da Justiça, Tarso Genro, soube dos indiciamentos logo pela manhã. A assessoria de imprensa da Polícia Federal também afirmou que o inquérito derivado da Operação Satiagraha, e que investiga o grupo do mega-investidor Naji Nahas e o ex-prefeito de São Paulo, Celso Pitta, foi encerrado na última quinta-feira (23) com o indiciamento de 24 pessoas pelos crimes de evasão de divisas, operação de instituição financeira sem autorização, falsidade ideológica, fraude na administração de sociedade anônima e formação de quadrilha. A Polícia Federal não forneceu mais detalhes sobre o inquérito e nem os nomes dos denunciados.