Pediatra recomenda que pais monitorem uso de videogames e internet, mas sem proibir

12/04/2009 - 16h16

Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Dores de cabeça, obesidade, distúrbios do sono,agressividade e dores no pescoço ou nos ombros. Sãoinúmeros os riscos que o uso abusivo da diversãoeletrônica, tais como a internet e os videogames, podemprovocar nas crianças e adolescentes.Mesmo assim, os paisnão devem privar seus filhos do contato com a tecnologiaatual. Essa é a opinião da pediatra Susana GracielaBruno Estefenon, coordenadora do Projeto de Saúde da GeraçãoDigital e uma das organizadoras do livro GeraçãoDigital – Riscos e Benefícios das Novas Tecnologias para asCrianças e os Adolescentes.“Jogar videogame temmuitos benefícios: aumenta a coordenação motorae o raciocínio rápido e é uma forma de lazer, umdivertimento espetacular. Mas muitas horas exposto à tela dovideogame ou muitas horas privado de atividades ao ar livre trazemriscos e muitos”, afirmou Susana, em entrevista à AgênciaBrasil.Segundo ela, o ideal éque os pais conheçam os jogos de videogame e os ofereçamde acordo com a maturidade da criança. Também éimportante que se limite o tempo que a criança vápassar jogando. O tempo ideal, segundo ela, pode ser fixado em duashoras por dia – prazo que também pode ser parâmetropara o uso da internet e da televisão. Susana lembrou que nãosão somente riscos à saúde que podem trazerpreocupações aos pais. Há também os deordem sexual, tais como a pedofilia, a sedução e oabuso e a exploração sexual.“Não podemosproibir uma criança de acessar a internet. Mas, nesse caso,falamos em monitoramento dos pais. Falamos também de pôrfiltros de segurança contra a pornografia. Pornografia paracrianças nunca é algo bom porque estimula a libido forada idade a que elas estariam preparadas”, disse.De acordo com Susana,para evitar que os filhos possam acessar conteúdos inadequadosou pornográficos na internet ou serem vítimas deviolência na rede, os pais devem também monitorar oacesso. “Os computadores devem ser colocados dentro de um lugar deconvívio comum. Uma criança não deve ter suaprópria conta de email, mas a da família. E os paisdevem orientar seus filhos sobre o perigo que pode representarnavegar na internet e dar seus próprios dados”, aconselhou.A médica lembraque o importante é que os pais não deixem os filhossozinhos acessando a internet, mesmo que se tenha selecionado umapágina com conteúdo infantil.“Algumas vezes, acriança é achada. Você pode pensar: vou deixá-laporque esse é um site saudável, de brincadeiras. Masmuitos predadores sexuais procuram sites saudáveis, fora dequalquer suspeita, para achar a criança vulnerável. Eeles entram se identificando como outra criança ou comoconselheiro para criar um vínculo com essas criançasque estão sozinhas”, alertou.Para ela, somente odiálogo entre pais e filhos poderá evitar riscos no usodessas tecnologias pelas crianças. “A tecnologia faz partede nossas vidas. Nós, adultos, desfrutamos plenamente de tudoo que ela nos oferece. Então, não podemos pensar e nempretender que nossas crianças fiquem isoladas disso. O caminhoé muito fácil, é compartilhar. Compartilhar comos filhos e com a família toda. Ao invés de ser ummotivo de isolamento familiar, pode ser uma ferramenta de vínculofamiliar. O caminho mais seguro ao futuro é a utilizaçãodas novas tecnologias como ferramenta de vínculo familiar esocial.”