Livro mostra que meios de produção do país pertencem a 6% da população

02/04/2009 - 20h17

Vinicius Konchinski
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Os meios deprodução de riqueza do país estãoconcentrados nas mãos de 6% dos brasileiros. Éuma das conclusões apresentadas no livro Proprietários:Concentração e Continuidade(Cortez Editora) lançado hoje (2), na sede do Conselho Regional de Economia(Corecon), em São Paulo.A publicação é o terceiro volume da sérieAtlas da Nova Estratificação Social doBrasil, produzida por MarcioPochmann, presidente do Instituto de Pesquisa EconômicaAplicada (Ipea), e vários economistas. Dolivro, consta um levantamento que revela que, de cada 20 brasileiros,apenas um é dono de alguma propriedade geradora de renda:empresa, imóvel, propriedade rural ou até mesmoconhecimento – também considerado um bem pelospesquisadores.Ementrevista coletiva organizada para o lançamento do livro,Pochmann afirmou que a concentração das propriedades noBrasil é antiga e remete aos tempo da colonização.Desde a concessão das primeiras propriedades agrícolas,passando pela industrialização ocorrida no século20, até o aumento da atividade financeira, os meios deprodução sempre estiveram sob controle da mesmae restrita parcela da população nacional."Aurbanização aumentou o número de propriedades ede proprietários, mas não acompanhou o aumento dapopulação. A concentração permanece. Nós[brasileiros] nuncavivemos uma experiência de democratização doacesso às propriedades no nosso país”, disse.Deacordo com o livro, os proprietários brasileiros têmum perfil específico comum. A grande maioria tem entre 30 e 50anos de idade, é de cor branca, concluiu o ensino superior, e nãotem sócios.ParaPochmann, o quadro da distribuição das propriedadesbrasileira é grave. O Brasil tem seus meios produçãode riqueza mais mal distruídos entre os países da AméricaLatina, por exemplo. E isso não deve mudar em um curto prazo,segundo o economista.Estamosfazendo reforma agrária desde os anos 50 e nossa distribuiçãofundiária é pior do que a de 50 anos atrás; nossa cargatributária onera os mais pobres; a única coisa que vaibem é a educação”, afirmou ele, citando dadosque apontam que o percentual dos jovens que frequenta a universidadepassou de 5,6%, em 1995, para cerca de 12%, em 2007.Pochmanndisse porem que  mesmo com o aumento dos índices daeducação, ele ainda está muito aquém doencontrado na Europa, onde 40% dos jovens têm diplomauniversitário. Ressaltou também que a mudançada distribuição das propriedades por meio da educação é a forma mais lenta de justiça.