Lula e primeiro-ministro britânico discutem fundo de US$ 100 bi para financiar comércio

26/03/2009 - 15h27

Mylena Fiori e Yara Aquino
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - Anfitrião daCúpula do G20 financeiro que será realizada dia 2 deabril, em Londres, o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown,proporá às maiores economias desenvolvidas e emdesenvolvimento a criação de um fundo de US$ 100bilhões para o financiamento do comércio. A propostafoi apresentada hoje (26) ao presidente Luiz Inácio Lula daSilva, no Palácio do Alvorada.“É o mínimoque precisamos para aumentar o fluxo do comércio global nospróximos meses”, disse Brown, em entrevista coletiva apóso encontro, frisando que em 2009, pela primeira vez nos últimos30 anos, há previsão de queda nas exportaçõesmundiais. O fundo, segundo ele, terá como doadores países,organismos multilaterais, agências de crédito aexportação e setor privado.O fundo conta com asimpatia do governo brasileiro, assegurou o ministro das RelaçõesExteriores, Celso Amorim. Segundo ele, o país já secomprometeu em colocar recursos. “O presidente disse que o Brasilsempre fará sua parte se todos contribuírem. O ministroMantega [Guido Mantega, da Fazenda] quer encontrar uma maneirade contribuir que não afete nossas reservas, que nãotenha nenhum impacto negativo, porque não adianta cobrir umsanto para descobrir o outro”.Lula e Brown fizeremapelos pela conclusão da Rodada Doha como forma de estimular ocomércio e, assim, amenizar os efeitos da crise financeirainternacional. Lula chegou a sugerir que a atual rodada denegociações da Organização Mundial doComércio (OMC) fosse concluída durante a reuniãodo G20. No encontro de Londres, os dois chefes de estado tambémpretendem defender medidas efetivas para a recuperaçãodo crédito. Segundo Brown, 90% do comércio mundialdepende de crédito.Lula destacou que asmedidas de saneamento do sistema financeiro não estãosendo suficientes para a retomada do desenvolvimento mundial. Ocaminho para isso, na avaliação do presidente, deve sero estímulo ao crédito. “O primeiro problema que temosé fazer voltar fluir o crédito. Essa é nossaprimeira obrigação e até agora as medidastomadas não ajudaram no crédito”, disse Lula. “Semcrédito a economia vai atrofiar, esse é o desafio queestá colocado para nós”.O presidente voltou a culpar aelite mundial pela atual crise financeira internacional e chegou adizer que não há banqueiros negros ou índios. “Éuma crise causada, fomentada por comportamentos irracionais de gentebranca de olhos azuis que antes da crise parecia que sabiam tudo eque agora demonstram não saber nada”, disse Lula,ressaltando que não é justo que os pobres paguem pelacrise.O primeiro-ministrobritânico evitou apontar culpados, disse que veio ao Brasil emrazão da importância do país na economia mundiale avaliou que a superação da crise na economiainternacional depende dos países em desenvolvimento,responsáveis por 70% do crescimento global. “O Brasil eoutros emergentes têm papel crucial na recuperaçãoda economia mundial”, afirmou.