Homossexuais reivindicam políticas públicas e mais recursos em evento em Curitiba

14/03/2009 - 16h07

Lúcia Norcio
Repórter da Agência Brasil
Curitiba - A implementaçãodo Plano Nacional de Enfrentamento da Epidemia da Aids e das DoençasSexualmente Transmissíveis (DST) entre Gays, Homens que FazemSexo com Homens (HSH) e Travestis foi um dos principais assuntostratados esta semana, em Curitiba, durante encontro do ProjetoInteraGir - Ações de Advocacy em HIV/Aids.A aprovaçãode leis que reforcem políticas públicas e mais recursospara essas comunidades também foram temas destacados durante oevento.Os ativistaselaboraram projetos que vão nortear a implementaçãodessas políticas em cada região. A idéia éque até o ano que vem o plano nacional, elaborado peloMinistério da Saúde, já esteja implantado emtodos os municípios brasileiros.Segundo o presidenteda Associação Brasileira de Lésbicas, Gays,Travestis e Transexuais (ABGLT), Toni Reis, ainda é muitobaixo o número de municípios com leis específicaspara este público.“Alguns servem deexemplo, com cinco, seis leis, como Feira de Santana (BA) eAlfenas (MG). Poucos municípios destinam um dia para a lutacontra a homofobia, realizam semanas de diversidade humana promovendodebates em escolas e reconhecem as instituições quetrabalham com a doença como sendo de utilidade pública,o que facilita a transferência de recursos públicos”,afirmou.“Os projetos queestão dando certo foram apresentados neste encontro e vãoser levados como modelos para outras cidades. Os participantes estãosaindo daqui capacitados”, garantiu Toni Reis disse que afalta de recursos é um dos principais problemas. “Essespúblicos ainda são muito vulneráveis àaids e recebem apenas 1% a 3% do orçamento dos municípiose estados destinado a ações específicas paragays. Precisamos alcançar pelo menos 20% do orçamento.”Esses recursos podemser usados para disponibilizar um número maior depreservativos, realizar oficinas de auto-estima, direitos humanos,programas de conscientização das conseqüênciasda doença e facilitar o acesso aos serviços de saúde,sem o constrangimento da discriminação, o que, deacordo com Toni Reis, ainda é muito comum, principalmente emmunicípios do interior.O diretor adjunto do ProgramaNacional de DST/Aids do Ministério da Saúde, EduardoBarbosa, disse que oficinas estão sendo realizadas em todo opaís para estimular o trabalho de prevenção dadoença. “Já foram realizadas em 16 estados. Oministério atualmente repassa verbas para 450 municípiospara que eles desenvolvam programas nesta área”.OMinistério da Saúde estima que cerca de 630 milpessoas, entre 15 e 49 anos de idade, vivam com HIV/AIDS no Brasil.Segundo EduardoBarbosa, desse total, 250 mil são soropositivos mas nuncafizeram um exame não sabem que podem adoecer rapidamente e jánum estágio avançado. “São 33 mil novos casosregistrados a cada ano e 11 mil óbitos, a maioria entrejovens, daí a importância da prevenção”,afirmou.O diretor apela àsinstituições que atuam no enfrentamento da doençapara que usem uma linguagem mais adequada para atingir esses jovens.“Não adianta apenas distribuir folhetos e preservativos.Vamos usar a internet, blogs, sites acessados pela juventude, falar alinguagem deles”, concluiu.