Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O governo venezuelano expulsou ontem (13) do país o representante espanhol no Parlamento Europeu, deputado Luis Herrero. Herrero havia sido convidado por partidos que se opõem ao presidente Hugo Chávez a acompanhar, como observador político, o referendo que ocorrerá amanhã (15) e que prevê a possibilidade de chefes do Poder Executivo (presidentes, governadores e prefeitos) disputarem a reeleição quantas vezes quiserem.
O pedido para que o eurodeputado fosse expulso foi feito ao Ministério das Relações Exteriores, ontem (13), pela presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Tibisay Lucena, que considera que “declarações ofensivas” de Herrero feriram a “dignidade do conselho e a tranquilidade que rege o referendo”.
Segundo Lucena, as regras eleitorais estabelecem os limites para a atuação de observadores políticos e monitores internacionais, “não lhes cabendo julgar a atuação da Corte ou o desenrolar do processo eleitoral”.
Em comunicado à imprensa, o Ministério das Relações Exteriores venezuelano informou que, atendendo às instruções do CNE, “convidou” Herrero a abandonar a Venezuela para preservar o clima de paz e garantir a realização do referendo deste domingo. O eurodeputado deixou a Venezuela em um vôo comercial da Varig e foi trazido para São Paulo, onde chegou nesta madrugada.
À agência EFE, Herrero disse ter vivido situação “parecida ao sequestro” e repetiu as críticas que fez ao governo venezuelano e que, aparentemente, motivaram sua expulsão. “Após ouvir relatos de prefeitos da oposição sobre o medo que existe e as ameaças do presidente Hugo Chávez a seus adversários, disse que esses comportamentos são próprios de uma ditadura e não me retifico, nem me arrependo", disse. Agora, após sua expulsão, o parlamentar afirmou que ratifica essas declarações, mas esclareceu que não quer ser "protagonista de nenhuma história", pois "as verdadeiras vítimas são os venezuelanos, que estão suportando este senhor há dez anos [Chávez]".