Garantia do direito à alimentação exige mudanças no comportamento dos consumidores

30/01/2009 - 20h47

Luana Lourenço
Enviada Especial
Belém - A garantia do direito humano à alimentação adequada a partir davalorização dos agricultores familiares deve ser responsabilidade dos estados, mas também exige novos comportamentos dos consumidores. A tesefoi defendida hoje (30) durante o Fórum Social Mundial em um debatesobre alimentação, agricultura familiar e comércio mundial de alimentossob a perspectiva dos direitos humanos. Coordenadorinternacional da Via Campesina no Mali, na África, o agricultor IbrahinCoulibaly, afirmou que atualmente a alimentação é tratada apenas comoum ato banal, mercantil, sem reflexão sobre o processo produtivo. “Hojeem dia comer e comprar comida é apenas uma coisa material, não se pensanos que produziram os alimentos. Sempre que comemos, deveríamos pensarem quem produziu, de onde veio o alimento, como foi transportado e sepessoas foram excluídas nesse processo em nome de interesseseconômicos, de governos ou grandes corporações. Deveríamos rejeitarprodutos que sabemos que estão destruindo nossos pequenosagricultores”, argumentou.Coulibaly defendeu o fortalecimentodos mercados locais como prioridade para os governos na formulação depolíticas de proteção aos agricultores familiares. “A crisealimentar em 2008 mostrou bem que os produtores familiares conseguiramaumentar a produção para atender os mercados locais que ficaramimpossibilitados de comprar produtos importados por causa do aumentodos preços”, apontou.As políticas de proteção de mercadostambém foram defendidas pelo representante da Rede de Ação e Informaçãopelo Direito a se Alimentar (Fian),  Flávio Valente, queresponsabilizou o comércio desregulado “como o principal violador dodireito humano à alimentação”. Na avaliação de Valente, osmovimentos sociais e as organizações da sociedade civil devem exigirestudos de impactos da sustentabilidade de acordos internacionais docomércio de alimentos. “É preciso incluir as políticascomerciais nos informes ao comitê Desc da ONU [Organização das Nações Unidas], assim como acompanham ocumprimento dos direitos civis, que geram relatórios.”