Chanceler alemã propõe criação de conselho econômico na ONU

30/01/2009 - 17h46

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A chanceler alemã Angela Merkel propôs hoje (30) em Davos, na Suíça, a criação de um conselho da Organização das Nações Unidas para questões econômicas, nos moldes do Conselho de Segurança criado após a Segunda Guerra Mundial. “Acredito que após esta crise temos que desenhar as instituições necessárias, trabalhar juntos e cooperar em nível internacional. Não conheço nenhum outro órgão com tal legitimidade”, afirmou, criticando a atuação das atuais instituições multilaterais.Para tratar do tema, Merkel pretende convocar uma reunião com representantes do Fundo Monetário Internacional (FMI), do o Banco Mundial e da Organização Mundial do Comércio (OMC). “Penso que a cooperação que existe há muitos anos, no âmbito destas instituições, ainda não é suficiente”, disse a chanceler em sessão do Fórum Econômico Mundial.  “Precisamos de um sistema financeiro internacional integrado, com instituições próprias e responsabilidade compartilhada”, defendeu.Com relação a medidas imediatas de enfrentamento à crise financeira internacional, a chanceler frisou a necessidade de recuperação da credibilidade no mercado. “O que é essencial, neste momento, é restaurar a confiança. Houve uma perda massiva de confiança. A confiança é um dos pilares de uma economia dinâmica. Sem confiança as empresas não investirão, os bancos não concederão empréstimos e os consumidores não gastarão nenhum centavo em consumo. Sem confiança não vamos retomar o caminho do crescimento econômico”, afirmou.Merkel criticou a tendência ao protecionismo e ponderou que tal fase não deve se prolongar. Como exemplo, citou os subsídios concedidos pelos EUA à indústria automobilística. “Tais práticas inevitavelmente levarão a distorções no mercado”, alertou. Ela disse ser a favor da economia de livre mercado, mas defendeu a regulação das práticas financeiras de forma a evitar excessos e irresponsabilidades do mercado. “A crise é resultado da especulação financeira, especialmente nos Estados Unidos”, afirmou. Noutro momento do discurso, fez o alerta: “A liberdade deve ser limitada, não podemos deixar as forças do mercado completamente desordenadas”.Como já havia feito ontem (29), durante visita à Berlim do premiê chinês, Wen Jiabao, Ângela Merkel reafirmou que o G8 – grupo dos sete países mais industrializados do mundo mais a Rússia – já não é suficiente para tratar dos problemas mundiais e defendeu a continuidade do diálogo no âmbito do G20 financeiro. O grupo, criado como instância de articulação entre presidentes de nacos centrais e ministros de economia das maiores economias desenvolvidas e em desenvolvimento, teve seu primeiro encontro de chefes de Estado em novembro passado, em Washington, e voltará a se reunir no dia 2 de abril em Londres.