Lupi condena empresas que recebem incentivo do governo e demitem

13/01/2009 - 21h56

Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ministro do Trabalho,Carlos Lupi, disse hoje (13) que está indignado com empresas dosetor automobilístico que estão demitindo, depois deterem sido beneficiadas com a isenção do Imposto sobreProdutos Industrializados (IPI).“O governo játomou algumas atitudes para conter o desemprego, já fezalgumas isenções de impostos como, por exemplo, para osetor automotivo. Eu não consigo conceber como, apesar daisenção de IPI , algumas empresas desse setor aindaestão demitindo. Acho isso um absurdo”, afirmou.Preocupado com aperspectiva de aumento das demissões no mês de dezembrode 2008, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou Lupipara uma reunião de emergência no Palácio doPlanalto. De acordo com o próprio ministro, os númerosdo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) ainda estãosendo fechados e serão apresentados, oficialmente, aopresidente, na próxima segunda-feira, pela manhã edivulgados na parte da tarde. Mesmo sem os númerosfechados, a previsão é de aumento de demissões.Lupi destacou que, no último mês, as demissõessuperaram a média registrada para dezembro nos últimosanos, de 300 mil demissões. “O presidente disseque precisa desses dados porque está muito preocupado com aquestão do emprego. Quando se afeta o emprego, afeta-se ocoração da economia de um país. Em cima dessesdados de dezembro, nós vamos ter uma radiografia de todos ossetores. Saberemos o que foi essa demissão a mais no mêsde dezembro, que normalmente é negativo , para ver queatitudes a mais o governo precisa tomar para evitar o desemprego”,disse o ministro.Lupi afirmou ainda que apossibilidade de estender o número de parcelas do segurodesemrpego é uma possibilidade, mas que ainda não foidetalhada. Ele defendeu que essa medida seja aplicada de formasetorizada nas áreas onde o governo perceba que há umamaior continuidade de demissões. “Ainda estamos em umafase de observação. O resultado negativo no mêsde novembro já nos deixou em alerta. Poderemos adotar umamedida para estender o seguro-desemprego para alguns setores.Poderemos ter mais algumas isenções para algunssetores”, disse.Segundo Lupi, ogoverno está estudando a possibilidade de vincular osfinanciamentos concedidos pelos bancos públicos ao compromissodas empresas em contratar trabalhadores. Para isso, o Ministériodo Trabalho pretende cruzar os dados do Caged com os dados dosfinanciamentos e incentivos concedidos pelo governo. “O Ministériodo Trabalho tem dois instrumentos fortes de incentivo a áreade produção que são os recursos do FAT [Fundo deAmparo ao Trabalhador] e do FGTS [Fundo de Garantia por Tempo deServiço]”, afirmou.O FAT financia algumasdas linhas de crédito do Banco Nacional de DesenvolvimentoEconômico e Social (BNDES) e o FGTS está nofinanciamento de linhas de crédito operadas pela CaixaEconômica Federal e pelo Banco do Brasil, além deprogramas de habitação e saneamento financiados pelogoverno. “Nós temos anoção de quem são as empresas que estãopegando esse dinheiro emprestado. Temos pelo Caged a noçãode quem está contratando e de quem está demitindo. Cruzando os dados, poderemos cobrar das empresas que estãorecebendo recursos públicos a resposta, no mínimo, damanutenção do emprego”, disse Lupi.