Crise não afetou exportações de moda do RJ, indica estudo da Firjan

13/01/2009 - 19h25

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A crise internacional não afetou a indústria da moda fluminense. É o que revela estudo do Centro Internacional de Negócios da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).

 A gerente do Senai Moda, Cristiane Alves, destacou hoje (13) que  em outubro e novembro do ano passado,  logo após a crise financeira ter se espalhado pelo mundo, as exportações fluminenses de moda subiram 10,08% em relação ao mesmo período de 2007, enquanto as vendas externas brasileiras do setor tiveram retração de 17%. 

Na análise do  coordenador do Centro Internacional de Negócios, João Paulo Alcântara,  as empresas do Rio de Janeiro “mantiveram a tendência, demonstrando um fôlego maior para superar esse momento, enquanto o Brasil sofreu um decréscimo”. São Paulo acompanhou  esse movimento e chegou a   18,75% de diminuição no volume de suas exportações  nesses dois meses, em relação ao mesmo período de 2007.

Alcântara ressaltou que os embarques citados se restringem a vestuário, excluindo produtos têxteis. Santa Catarina, outro forte produtor nacional, experimentou  queda de 21,24%  nas vendas ao exterior no período pesquisado.

Cristiane atribuiu o crescimento das exportações de moda do RJ ao elevado valor agregado dos produtos.  A avaliação é compartilhada por Alcântara. “A opção por essa estratégia no Rio de Janeiro tem permitido ao estado continuar seu crescimento, ampliando a exportação dos seus produtos e disseminando a moda brasileira no mundo inteiro”. Uma das características que distinguem a indústria da moda fluminense, assinalou ele, é  associar as tendências da moda às peculiaridades  culturais do país, o que resulta em um produto único.

A Firjan é um dos promotores da Bolsa de Negócios da Moda Fashion Business, que ocorre em paralelo à feira de moda Fashion Rio até o próximo dia 16. “Realizamos este evento com o objetivo de incentivar toda a indústria da moda a focar sua produção em produtos de alto valor agregado, com design e com  uma identidade própria. A gente acredita que  esse é o  caminho que vai gerar competitividade  para o produto brasileiro”, disse Cristiane.

 Segundo a gerente do Senai Moda, competir no mercado externo por preço “é muito perigoso”, principalmente em um momento de crise. O empresariado brasileiro, destacou, tem toda a competência para atuar no exterior. “Temos criatividade, temos pequenas empresas  flexíveis. A gente entende que  o caminho do ‘design’ e do valor agregado é o mais adequado”.

Para avaliar  se essa estratégia está dando certo, a Firjan criou o indicador de valor agregado, medido pelo preço do quilo do produto exportado. Ele mostra que o  RJ tem hoje  ma média de produto exportado a US$ 70,00 o quilo, enquanto a média nacional é de US$ 34,00 o quilo.

“Isso mostra que  o Rio de Janeiro está vendendo um produto de maior valor agregado, com uma identidade própria, que tem a cara do Brasil. A nossa intenção é fazer com que esse  produto garanta uma lucratividade maior para as empresas, tenha um nicho de mercado fiel e conquiste realmente o comprador internacional. É um produto com a identidade da moda brasileira, que retrata a cultura brasileira. Isso é que é importante para a gente”, comentou ela.

Alcântara acrescentou que ainda é cedo para afirmar se a tendência é de continuidade do crescimento das exportações fluminenses de moda neste cenário de crise externa. Sublinhou, entretanto, que "ficou evidente que os produtos de maior valor agregado são menos sensíveis a esse momento. Tanto à questão cambial, como à crise”.

Ele lembrou que São Paulo, apesar da forte queda registrada  no período, conseguiu aumentar o preço médio de suas vendas externas. “Isso denota que os produtos de maior valor agregado se mantiveram  em pauta. E os que foram realmente prejudicados foram os de menor valor agregado.”

No acumulado janeiro/novembro de 2008, as exportações de moda do RJ aumentaram 6,26% em relação a igual período do ano anterior, totalizando em valor US$ 23,13 milhões e superando a receita obtida durante todo o ano de 2007 (US$ 23,10 milhões). Com isso, a participação do estado nas exportações brasileiras de moda evoluiu de 7,22%, em 2006, para 10,43% no ano passado. O RJ permanece como terceiro maior estado exportador de moda do país, atrás de  São Paulo  (35,05%) e Santa Catarina, com 34,93%.