AEB projeta queda de 17,6% nas exportações este ano, em função da crise

06/01/2009 - 17h09

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) previu que a balança comercial em 2009 aponta queda  de 17,6% nas exportações, que passarão de US$ 197,94 bilhões para cerca de US$ 163,15 bilhões. Divulgados hoje (6) pela AEB, os números projetam  também retração de 15,7% para as importações (de US$ 173,20 bilhões para US$ 146,03 bilhões), resultando em queda de 30,8% no superávit comercial, que deverá cair de US$ 24,73 bilhões para US$ 17,12 bilhões este ano.

A estimativa considerou o atual cenário de instabilidade, gerado pela crise mundial, esclareceu à Agência Brasil o vice-presidente da AEB, José Augusto de Castro. Ele admitiu, contudo, que “como o cenário está muito volátil, pode até ser que mudem [as previsões] no decorrer de 2009. Mas o cenário que nós temos hoje é esse”.

Castro explicou que, apesar da redução de preços no mercado internacional, as commodities (produtos agrícolas e minerais comercializados no exterior) deverão continuar comandando as exportações brasileiras. “Apesar da queda dos preços, que é bastante forte, as commodities continuam tendo uma participação muito grande nas exportações brasileiras. O que cai são os produtos básicos [-21,7%] e os semimanufaturados [-21,3%], que são compostos principalmente por commodities. Mas, ainda assim, elas continuam tendo peso preponderante na nossa  exportação”.

A AEB está projetando uma queda de 16,7% na corrente de comércio do Brasil, que deverá diminuir de US$ 371 bilhões em 2008, ou o equivalente a 29,5% do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma das riquezas produzidas no país, para US$ 309 bilhões este ano, representando 24,8% do PIB.

A expectativa é que essa queda na corrente de comércio acabe provocando uma redução do emprego, alertou Castro. “Na verdade, o que gera atividade econômica é exatamente o volume de exportação e de importação. Ou seja, eu posso ter um superávit, por exemplo, de US$ 15 bilhões exportando US$ 500 bilhões e importando US$ 485 bilhões, ou exportando US$ 150 bilhões e importando US$ 135 bilhões. Quanto mais eu evoluo a corrente de comércio, maior é o nível de atividade. E como a corrente de comércio vai cair, naturalmente o nível de emprego também diminui”, afirmou.

A queda das exportações brasileiras será sentida também na América do Sul, porque todos os países do continente são exportadores líquidos de commodities, principalmente metálicas, disse José Augusto de Castro. “Como as commodities metálicas principalmente tiveram uma queda muito forte nas cotações, a receita de exportação desses países vai diminuir muito. Então, eles não vão ter dinheiro para poder importar”. Como conseqüência, a AEB está estimando que as exportações do Brasil para a região  deverão sofrer redução em torno de 15%.

O vice-presidente da AEB reiterou, porém, que essas são as projeções iniciais da balança comercial do Brasil para 2009 e poderão ser alteradas em função dos desdobramentos da crise. A entidade fará nova estimativa em julho. Uma das informações fundamentais para essa revisão diz respeito à safra de soja. Castro ponderou que se houver uma queda na safra, isso irá causar impacto nos preços e nas quantidades exportadas. “Isso só podemos começar a avaliar a partir de  abril, quando terão início as exportações da safra agrícola”, disse Castro.

Em termos de produtos, a análise da AEB indica que a pauta de exportações do Brasil continuará sendo liderada pelo minério de ferro, embora a entidade preveja uma diminuição de 15% em sua cotação, nas negociações que devem ocorrer até o final de  abril. Castro destacou que, dependendo do mercado, a queda no preço do minério poderá ser ainda maior.

“Mas, neste momento, minério de ferro é o produto com maior estimativa de exportação, com US$ 14,9 bilhões. É o mais importante produto de exportação. Não tem nenhum outro produto que, individualmente, supere os US$ 10  bilhões”. Aparecem em seguida a soja em grão, com previsão de exportação de US$ 7,99 bilhões, petróleo em bruto (US$ 7,92 bilhões), aviões e carne de frango (US$ 4,50 bilhões cada).