Ampliação de linhas públicas de crédito soma R$ 44 bilhões desde o início da crise

20/12/2008 - 17h50

Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Parainjetar mais de R$ 360 bilhões na economia brasileira em trêsmeses, o governo não recorreu apenas a medidas monetárias.Além de mudar a legislação bancária eatuar no mercado de câmbio, a equipe econômica reforçouas linhas oficiais de crédito e cortou impostos para socorreros setores mais afetados pela escassez de crédito, como aindústria automotiva, os exportadores, a construçãocivil e a agricultura.Somente em linhas de crédito doBanco do Brasil, da Caixa Econômica Federal e do Banco Nacionalde Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o governoliberou R$ 41 bilhões, dos quais o financiamento ao comércioexterior e ao capital de giro responderam por R$ 26 bilhões. Osetor automobilístico recebeu R$ 7 bilhões, aagricultura, R$ 6 bilhões e a construção civil,R$ 5 bilhões.Na primeira etapa da crise, as açõesdo governo se concentraram na concessão de linhas públicasde crédito e em medidas monetárias e cambiais. No finalde novembro, dois meses após o agravamento da turbulênciafinanceira internacional, a equipe econômica começou acortar impostos com o objetivo de liberar dinheiro para o consumo,principalmente para impulsionar as vendas de veículos,afetadas pela contração no crédito.Atéagora, as desonerações somaram pelo menos R$ 8,7bilhões. Desse total, R$ 8,4 bilhões sãoresultantes da criação de alíquotasintermediárias do Imposto de Renda, da reduçãodo Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros e dadiminuição da alíquota do Imposto sobreOperações Financeiras (IOF) para o crédito apessoas físicas. Mais R$ 300 milhões vêm daredução do IOF nos financiamentos de motocicletas.Naspróximas semanas, está previsto o anúncio demais medidas. Até o final de janeiro, será lançadoum pacote para a habitação, com medidas quebeneficiarão tanto empresários como mutuários.Uma das mudanças em estudo prevê o aumento no valor dosimóveis financiados com recursos do Fundo de Garantia do Tempode Serviço (FGTS).O governo pretende ainda atuardiretamente para estimular o mercado de trabalho. O pacote a serlançado no próximo mês também prevêo estímulo à realização de obraspúblicas, o que acarretará a criação deempregos, como antecipou na última quarta-feira (17) oministro da Fazenda, Guido Mantega, em entrevista à TVBrasil.A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff,indicou que as desonerações continuarão. Durantereunião com empresários em São Paulo, naquinta-feira (18), ela informou que o governo também estuda aredução de impostos para os investimentos.Atéagora, o governo atuou em quatro linhas: desonerações,intervenções no mercado de câmbio, facilitaçãodo crédito e mudanças na legislaçãobancária mediante principalmente liberação departe do compulsório. Para chegar aos R$ 363,3 bilhõesliberados na economia nos últimos três meses, a AgênciaBrasil somou as injeções de dinheiro obtidas pelasautoridades monetárias com cortes de impostos e reforçono crédito dos bancos públicos.A reduçãodo compulsório, parcela que os bancos são obrigados adeixar depositada no Banco Central, foi responsável pelainjeção de R$ 98 bilhões. As atuaçõesno câmbio somaram US$ 53,4 bilhões, equivalentes a cercade R$ 126 bilhões, levando em consideração acotação do dólar a R$ 2,36.As mudançascontábeis nos bancos representaram a injeção deR$ 81,2 bilhões e a destinação do FundoGarantidor de Crédito (FGC) permitiu a liberaçãode mais R$ 5,4 bilhões. A esses valores, foram somadas adesoneração de pelo menos R$ 8,7 bilhões no IPI,no IOF e no Imposto de Renda, além da criação edo reforço de R$ 44 bilhões nos créditospúblicos.Confira abaixo as medidas tomadas paraampliar as linhas públicas de crédito e reduzirimpostos desde o final de setembro, quando a crise econômicainternacional se agravou:Abertura e reforço delinhas de crédito• Banco do Brasil (BB) reforçaem R$ 3 bilhões linhas de crédito para autopeças(18 de dezembro)• Banco Nacional de DesenvolvimentoEconômico e Social (BNDES) anuncia nova linha de R$ 6 bilhõespara capital de giro de empresas brasileiras (1º dedezembro)• Caixa Econômica Federal libera R$ 2bilhões para financiar compra por consumidores de material deconstrução, produtos eletrônicos,eletrodomésticos e móveis (12 de novembro)•Caixa aumenta de R$ 7 mil para R$ 25 mil limite máximo definanciamento para compra de material de construção (11de novembro)• Anúncio de abertura de linha paracapital de giro de pequenas e médias empresas no valor de R$ 5bilhões operada pelo BB (6 de novembro)•Destinação de R$ 4 bilhões do BB para bancosoperados por montadoras financiarem compra de veículos (6de novembro)• BNDES ganha R$ 10 bilhões parafinanciar linhas de pré-embarque de exportaçõese ampliar capital de giro de empresas (6 de novembro)•Ministério da Agricultura cria linha de R$ 1 bilhãopara BB financiar títulos a produtores rurais (5 denovembro)• Criação pela Caixa EconômicaFederal de linha de crédito de capital de giro de R$ 3 bilhõespara empresas de construção civil (29 de outubro)•Financiamentos do BNDES para pré-embarque de exportaçõesganham reforço de R$ 5 bilhões (6 de outubro)•BB antecipa R$ 5 bilhões para crédito aos agricultores(1º de outubro)Desonerações•Redução a zero das alíquotas do IPI sobrecaminhões (18 de dezembro)• Criaçãode duas alíquotas intermediárias do Imposto de Renda(IR) para liberar dinheiro para o consumo (11 de dezembro)•Redução do IPI para a indústria automotiva (11de dezembro)• Redução, de 3% para 1,5% aoano, do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nocrédito a pessoas físicas (11 de dezembro)•Redução do IOF para o financiamento de motos, de 3,38%para 0,38% (21 de novembro)• Adiamento da data derecolhimento do IR, do IPI, do PIS/Cofins e da contribuiçãoprevidenciária (16 de novembro)Medidas aserem tomadas• Pacote para a habitação combenefícios a empresários e mutuários, alémde mudanças nos financiamentos pelo Fundo de Garantia do Tempode Serviço (FGTS), como o aumento no valor dos imóveisfinanciados• Desoneração dos investimentos•Estímulo a obras públicas