Indústria de bens de capital quer novas medidas anticrise

03/12/2008 - 22h45

Vinicius Konchinski
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria deMáquinas e Equipamentos (Abimaq), Carlos Pastoriza, defendeu hoje (3) a adoçãode novas medidas para estímulo a economia nacional e contra a crise financeira.Durante evento promovido pela entidade, Pastoriza disse que os governos federal, estaduais e municipais devem tomar novas atitudes urgentes paraevitar que o país entre em recessão.Carlos Pastoriza disse que o setor de bens de capital, representadopela Abimaq, criou um comitê para estudar a evolução e os impactos dacrise internacional no país. Esse comitê também estruturou medidas consideradasfundamentais para a manutenção do nível de investimento e crescimento econômicobrasileiro. A ampliação do prazo de pagamento de impostos e a reduçãosignificativa da taxa Selic estão entre as principais recomendações.“Já houve um movimento no sentido da ampliação do prazo depagamento de impostos, mas foi muito modesto”, disse Pastoriza, lembrando daconcessão de mais até 15 dias para que empresas recolham impostos federais.“Queremos a ampliação do prazo para impostos federais, estaduais e municipais.Pelo menos, mais 30 dias,” disse.De acordo com o vice-presidente da Abimac, a medida ajudaria as empresas a manterdinheiro em caixa e contornar mais facilmente a escassez de crédito no mercado - umas dasconseqüências da crise.Ainda com o objetivo de minimizar os efeitos da falta de crédito, Pastoriza cobrou um corte de pelo menos 4 pontos percentuaisna Selic, que hoje é de 13,75% ao ano. “Queremos a imediata redução da Selicpara um índice de um dígito”, disse. “Se o governo fizer isso, estará dando umsinal de confiança ao mercado e economizando pelo menos R$ 50 bilhões com jurosda dívida pública. Esse dinheiro deveria ser investido na geração de empregos,” afirmou.Pastoriza afirmou que a justificativa de que a queda na taxabásica de juros poderia causar aumento da inflação não é válida.  Para ele, o governo deve agir e, caso ainflação volte, ele poderá corrigir esse problema no futuro.De acordo com  Pastoriza, a Abimaq também defende umaatuação mais firme para estabilização do dólar, a ampliação dos empréstimos doBanco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e uma cobrançarígida para que os bancos emprestem os recursos sob sua guarda. “Não éingenuidade exigir que os bancos privados equilibrem seus interesses com osinteresses da sociedade,” disseCaso medidas não forem tomadas, Pastoriza acredita numaparalisação da economia já a partir do segundo trimestre de 2009. Segundo ele, aindústria de máquinas e equipamentos, que registra crescimento de 24,8% só em2008, entrará em crise pela falta de investimentos, diminuirá sua produção,dispensará trabalhadores e agravará ainda mais o quadro econômico do país.Pa este ano, contudo,  o vice-presidente da Abimaq afirmou que as perspectivas ainda sãoboas. Estimativas apresentadas também hoje pela Abimaq apontam para umcrescimento de 20% no faturamento do setor, na comparação com 2007. Só em outubro, o setor faturou R$ 7,33 bilhões - 10,3% a maisdo que o valor registrado no mês anterior.