Meirelles diz que tem armas para enfrentar a crise que outros países não têm

26/11/2008 - 22h55

Jorge Wamburg
Enviado Especial
Goiânia - O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles,apresentou um quadro extremamente otimista para o Brasil enfrentar acrise financeira internacional, ao falar hoje (26) à noite na abertura do14° Encontro Nacional de Jovens Empreendedores, no Centro de Convençõesde Goiânia, afirmando que as armas que o Brasil tem para enfrentar essacrise “numa posição de maior serenidade e segurança do que no passadoou de que muitos outros países”, são reservas internacionais elevadas,mercado de trabalho forte, emprego e massa salarial crescendo, entreoutros fatores.Meirelles reafirmou aos jornalistas, após a palestra,os dados que apresentou sobre a crise mundial e a situação favorável aoBrasil nesse contexto, com uma série de gráficos que comprovavam cadaafirmativa, num verdadeiro estudo sobre a situação da economia global.Outros fatores favoráveis ao Brasil, apontados por ele, são “uma dívidapública que está cadente em relação ao produto, é um país que é credorlíquido em dólares e não devedor como muitos e como já fomos nopassado”.O presidente do Banco Central ainda acrescenta outrosmotivos para essa visão otimista de Brasil: “é um país que tem algumasoutras características de mercado financeiro importante, como depósitoscompulsórios e liquidez dos bancos no Banco Central elevada, o que,junto com as reservas, tem permitido ao Banco Central do Brasil atuarna irrigação do mercado de liquidez, coisa que é o grande problema,hoje, da economia mundial, com leilões de dólares e de moedaestrangeira, linhas de crédito em dólares e liberação de compulsório”.Tudo isso, de acordo com Henrique Meirelles, juntocom outras medidas anunciadas pelo Banco Central, “não faz com que oBrasil seja imune à crise - ninguém é imune à crise, mas faz com que oBrasil enfrente com maior força, maior segurança. A economia brasileiravai desacelerar no ano que vem, mas vai crescer mais do que a médiamundial, enquanto alguns países vão decrescer. Isso é que é importante”.Meirelles também comentou sobre a questão do empregono Brasil. Segundo ele, o emprego é fundamental, por ser a geração deemprego a finalidade última da política econômica e o aumento do padrãode vida da população. Por isso – acrescentou – “estamos monitorandoisso cuidadosamente, fazendo o diagnóstico e dando o tratamento aoproblema”.E qual o problema, ele indagou e respondeu emseguida: o Brasil está sendo afetado pela crise internacional atravésdo canal de crédito, isto é, diminuição de liquidez e do créditodisponível, o que faz com que as pessoas comprem menos e as empresasproduzam menos. “Então, o governo está atuando aí, através das medidasdo Banco Central e de uma ação mais forte dos bancos oficiais, demaneira que isso possa manter a economia funcionando e preservar oemprego”, acrescentou.Indagado como avalia o enfrentamento da crise,sabendo que em 2010 vem eleição (presidencial) e ele é visto em Goiáscomo possível candidato. Meirelles respondeu: “O importante naadministração econômica é que ela não pode obedecer a preocupaçõeseleitorais. “O importante é que a economia seja bem administrada, que opaís cresça, e isso é a finalidade última de qualquer políticaeconômica bem sucedida, sólida, como o Brasil hoje é considerado. Tantoque o Brasil é um dos poucos emergentes selecionados pelo Banco Centralamericano (Fed) para fazer um contrato de troca de moedas. “Elesfizeram isso com países que foram considerados por avaliadores isentoscomo um país bem administrado, que é o caso do Brasil”. Portanto, éimportante que o Brasil continue na direção correta”.Meirelles foi questionado também se há alguma medidaprevista para reduzir os juros e ampliar o crédito. Ele respondeu que oBanco Central já está tomando medidas com esse objetivo, como liberaçãode compulsórios para bancos pequenos e médios e anunciou ontem (25) aliberação de compulsórios para beneficiar diretamente o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que vaientrar com uma taxa competitiva para o financiamento de empresas,juntamente com outras fontes de recursos do próprio BNDES.“Além do mais” – disse Meirelles – “os bancosoficiais estão liderando um processo também de concessão de crédito ataxas menos elevadas”.  Outra pergunta voltou a colocar a eleição de2010  para Meirelles: como ele vê a expectativa em torno do seu nomepara a sucessão do presidente Lula. “Eu acredito que isso é uma generosidade do povo deGoiás, mas eu, hoje, tenho como foco, a economia brasileira e meutrabalho no Banco Central”, respondeuMeirelles admitiu que o presidente Lula estápreocupado com a crise, mas disse que “todos nós estamos preocupadoscom isso. Por isso, estamos trabalhando duramente para preservar oritmo de atividade econômica em padrões aceitáveis: “Em se cumprindo asprevisões de uma desaceleração de crescimento, mas ainda um crescimentobem acima dos padrões  mundiais, esperamos que, mesmo com umadiminuição da taxa de crescimento do emprego, se mantenha o crescimentodo emprego e, portanto, não haja um aumento do desemprego”, disse.