Renda de negros deve se igualar à de brancos em 2029, indica Ipea

20/11/2008 - 8h39

Paula Laboissière
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Adesigualdade racial – medida pela razão de renda de brancose negros – está caindo no Brasil. É o que mostra apublicação Desigualdades raciais, racismo epolíticas públicas 120 anos após a abolição,divulgada hoje (20) pelo Instituto de Pesquisa EconômicaAplicada (Ipea). Dados indicam que houve uma “sensível”melhoria no padrão distributivo brasileiro quando comparadasas populações negras e brancas e que a queda nadiferença entre as rendas, entre 2001 e 2007, foide 25%.

A pesquisa mostraque, após oscilar durante 12 anos em torno de 2,4, o indicadorda desigualdade racial começou a cair após 2001. Em2007, a razão chegou a ser de 2,06. A populaçãobranca, de acordo com o Ipea, ainda vive no país com poucomais que o dobro da renda disponível, em média, para apopulação negra – mas a tendência recente éa diminuição dessa diferença.

Entretanto,ao considerar que o valor ideal para esse indicador seja igual a1, ainda faltam 3/4 da diferença a seremreduzidos. Assim, se o ritmo continuar o mesmo, haveráigualdade na renda domiciliar de brancos e negrosapenas em 2029.

“Apergunta natural é se a redução dadesigualdade racial é mera conseqüência da reduçãoda desigualdade geral de renda. É possível que aredução não sejaconseqüência da redução nas práticasdiscriminatórias e, sim, do fato de negros serem maioria entreos beneficiários do Programa Bolsa Família, dosbenefícios previdenciários indexados ao saláriomínimo e do Benefício de PrestaçãoContinuada, bem como de outros mecanismos de redução dadesigualdade geral”, diz o Ipea.

Apublicação destaca que não se deve subestimar aimportância da redução da desigualdade racialpara a vida de indivíduos negros no país. Por seremmaioria da população na fatia inferior da distribuiçãode renda, a conclusão do Ipea é que qualquer políticaleva a melhorias absolutas ou relativas para os 50% mais pobres.

O instituto destaca que, apesar dos avanços registrados, nãohouve alteração no quadro de oportunidades no mercadode trabalho – principal fonte de renda e de mobilidade socialascendente. De acordo com a pesquisa, a situação dapopulação negra no Brasil continua bastante vulnerávele a dependência de ações do governo mostra ainexistência de mecanismos sociais, institucionais e legais quealterem o cenário de desigualdade.