Ministros vão avaliar críticas de movimentos sociais à produção de biocombustíveis

20/11/2008 - 16h54

Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão,afirmou hoje (20) que vai ler com cuidado e atenção o documento em que movimentos sociais, ambientais e de direitos humanos criticam a produção de biocombustíveis no país. O documento, entregue ontem (19) a diversas autoridades, foi elaborado durante seminário paralelo à Conferência Internacionalsobre Biocombustíveis, da qual o ministro participou nesta quinta-feira..“Vamos verificar o que háde procedente. Nesse caso, receberemos de maneira positiva, comocontribuição. Quanto ao que não for procedente,daremos a devida satisfação a quem mandou o documento.” No texto, os movimentos apresentam também propostas de mudança no atual modelo de produçãodo etanol.Segundo o ministro, o mundo estáacordando para a necessidade e a utilidade dos biocombustíveis,e a conferência acaba com saldo muito positivo no que serefere ao apoio da comunidade internacional a esse tipo de produto. Lobão disse que a conferência mostra que o país está na direçãocerta. “Devemos caminhar fortemente nessa direção atécom dados estratégicos para a manutenção dasegurança energética do mundo.”O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse que ainda não teve acesso ao documento em que os movimentos sociais criticam a produção de biocombustíveis, mas ressaltou que manifestações como essa sãopositivas na democracia. “Vamos ler e analisar a carta, discutire, se for necessário fazer outra discussão com eles[movimentos] em outrocontexto, faremos.”

Para ele, os entraves à produçãoe comercialização de biocombustíveis podemdiminuir como resultado da reunião do G20 (grupo dos países em desenvolvimento), realizada naúltima semana, em Washington. “Mesmo que sejamos bem sucedidos", afirmou Amorim, "a luta não termina, porque o protecionismosempre renasce e ameaça por meio de seus pretextos". Para o ministro do Desenvolvimento Agrário,Guilherme Cassel, a conferência expressa que há umapreocupação de todos com a produção dealimentos e a sustentabilidade ambiental na construçãode outra matriz energética, temas que devem ser pensadosconjuntamente. “Por isso, defendemos o meio rural com gentetrabalhando, produzindo, e capaz de gerar renda e riqueza em todos ospaíses.” Cassel disse que agricultura familiar jáestá no biocombustível, com mais de 100 mil famíliasproduzindo biodiesel, e que há possibilidade de produziremtambém etanol. “É fundamental que a produçãoseja articulada com a produção de alimentos. Éfundamental garantirmos soberania alimentar e energética parao nosso país.”