Divergências reduzem expectativas sobre os resultados da cúpula do G20

14/11/2008 - 21h44

Mylena Fiori
Enviada Especial
Washington (Estados Unidos) - Posiçõesdiferenciadas quanto à regulação dos mercadosfinanceiros e, principalmente, o clima de despedida do atual governodos Estados Unidos reduzem as expectativas quanto a grandes decisõesna cúpula de líderes do G20, que será realizadaneste sábado (15) , em Washington. Mas a simples articulaçãoentre as economias que representam 90% do PIB mundial já éconsiderada uma novidade. E um avanço. Foi justamente a açãocoordenada que permitiu, no mês passado, estancar a sangria dosmercados financeiros.Reunidos em Washingtonno dia 10 de outubro, os líderes do G7 (os sete paísesmais industrializados do mundo) tomaram a decisão políticade usar todos os instrumentos disponíveis para impedir afalência de instituições financeiras consideradasde importância sistêmica. Poucos dias depois, o FederalReserve (o banco central americano) fechou acordos para garantirliquidez em dólares aos bancos centrais da Austrália,Canadá, Dinamarca, Inglaterra, Japão, Nova Zelândia,Noruega, Suécia, Suíça e o BC europeu.No dia 29 de outubro,nova medida do FED: o banco criou uma linha com US$ 30 bilhõespara swap com cada um dos bancos centrais do Brasil, México,Coréia do Sul e Singapura. No mesmo dia, o Fundo MonetárioInternacional (FMI) anunciou uma linha de crédito, semcondicionantes, para países em desenvolvimento com economiasólida e problemas temporários de liquidez.As açõesacalmaram os mercados e devolveram certa liquidez. Agora, apreocupação é com os efeitos da crise financeirasobre a economia real, com a previsão de queda no comérciointernacional, recuo da atividade produtiva e desemprego. De acordocom a Organização Internacional do Trabalho (OIT), aperspectiva é de um aumento imediato de 10% no desemprego,especialmente nos país mais pobres.O Banco Mundial acabade rever suas previsões de crescimento para 2009. Para osemergentes, a previsão recuou de 6,4% para 4,5% em média.Para as economias desenvolvidas, a perspectiva é de retraçãode 0,1%.. A média de crescimento mundial, em 2009, deve ser deapenas 1%. “As atuais estimativas indicam que a queda de 1% nocrescimento dos países em desenvolvimento empurra mais 20milhões de pessoas para a pobreza. Cem milhões depessoas já passaram da condição de pobrezadevido aos altos preços dos alimentos e do petróleo”,alerta documento, divulgado pelo Banco Mundial na últimasegunda-feira (10).