Crise não reflete no preço da cesta básica

14/10/2008 - 19h18

Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Os reflexos da crisefinanceira mundial ainda não chegaram às prateleirasdos supermercados no Brasil, e os preços dos principaisprodutos consumidos pelos brasileiros não tiveram alteraçõessignificativas nas últimas semanas. De acordo com pesquisa realizada semanalmente pelo Procon do Estado de SãoPaulo, em parceria com o Departamento Intersindical de Estatísticae Estudos Sócio-Econômicos (Dieese), o valor da cestabásica, na capital paulista, que era R$ 293,86 no dia 4 desetembro, passou para R$ 295,10 na última quinta-feira (9). Emjulho, o preço médio da cesta básica era de R$304,27, na cidade de São Paulo.  Em Porto Alegre, ondeos preços da cesta básica costumam estar entre os maisaltos, a Pesquisa Nacional da Cesta Básica, realizadamensalmente pelo Dieese, apontou uma queda no valor dos produtosessenciais, nos últimos três meses. Em julho, a cestabásica custava R$ 259,29 na capital gaúcha, valor quepassou para R$ 241,16 em agosto e R$ 232,16 em setembro. “Ainda nãoconseguimos sentir o reflexo dessa crise para os consumidores”, dissea diretora de Estudos e Pesquisas do Procon-SP, ValériaRodrigues. Segundo ela, poderá haver apenas aumentos localizados e a variaçãodos preços dos alimentos, nos próximos meses, vaidepender principalmente do ritmo das exportações. “Seos mercados externos se retraírem e não importarem, vaiter mais produtos aqui, a oferta vai ser maior e pode haver uma quedanos preços”, avaliou. A presidente doMovimento das Donas-de-Casa e Consumidores do Rio Grande do Sul, EdyMaria Mussoi, também considera que os preçosencontrados nos supermercados estão estáveis nasúltimas semanas. Ela acredita que os preços dealimentos básicos como carne e feijão podem baixar atéo fim do ano, especialmente pela expectativa de boas safras no campo.Por isso, arecomendação é que os consumidores nãofaçam estoques de alimentos em casa, e só compremprodutos em quantidade superior se estiverem em oferta. “Se nósdesabastecermos os supermercados, a inflação vaivoltar. Se tiver uma oferta, compre dois ou três itens a maisdo produto, mas não faça estoque”, recomendou. O mesmo conselho édado pela diretora do Procon-SP. “Não temos nenhuma certezado que vai acontecer, por isso recomendamos que as pessoas evitemgastos extraordinários. Então, fazer uma compra maiorpara ficar estocando alimentos não é recomendável,porque nada indica que há essa necessidade real”, disse Valéria Rodrigues. Edy Maria tambémrecomenda cautela nas compras de Natal e nas compras a prazo. “Nãovamos nos deixar seduzir por ofertas sem calcular primeiro qual seráo impacto dessa compra no nosso orçamento. O valor da parcelapode caber no bolso, mas temos que saber qual será o preçodisso, quanto vamos pagar de juros”, alertou. Outra recomendaçãoé usar o décimo-terceiro salário para quitar as dívidascom juros maiores e adiantar o pagamento das contas do iníciodo ano, como os impostos.