Vestibular da UFMS terá que ser adaptado aos candidatos surdos

21/09/2008 - 16h59

Amanda Cieglinski
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Na semana em que secomemora o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, oMinistério Público Federal de Mato Grosso do Sul trazuma boa notícia aos deficientes auditivos do estado. Umarecomendação do órgão, expedida naterça-feira (16), pediu a adequação do vestibularda Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) para pessoassurdas.“Nós nãopodemos esquecer que a pessoa surda não é só umdeficiente adutivo, mas alguém que compreende e interage com omundo por meio de experiências visuais, algumas delas seexpressando por meio da Libras [Linguagem Brasileira de Sinais] . Se você pede para umsurdo escrever em língua portuguesa, trata-se de uma segundalíngua para ele”, explicou o procurador Felipe Fritz Braga,responsável pela recomendação. A decisão foitomada com base em um decreto de 2005, que obriga as universidadesfederais a incluírem mecanismos deavaliação das provas escritas de deficientes auditivos,que sejam coerentes com o aprendizado de uma segunda língua. Hoje, os candidatos ao vestibular da UFMS contam com um intérpretepara traduzir a prova do português para Libras, mas precisamescrever o texto da redação em português. Com arecomendação do MPF, no próximo processoseletivo de 2008 um profissional habilitado em libras seráresponsável por corrigir as questões discursivas dos candidatos surdos.“É umprofessor que tem uma compreensão melhor, ele vai conhecer aslimitações do surdo e os erros habituais que elecomete ao escrever em português, por causa da deficiência”,apontou Braga. A recomendação pede que a universidadeelimine gradativamente todas as barreiras de comunicaçãopara os surdos. Já no primeiro vestibular de 2009 a redaçãoserá toda em libras, tanto na apresentaçãoquanto na elaboração com registro visual do candidato. Braga disse esperar que adecisão sirva de modelo para as outras universidades federais.“Nós temos o exemplo da Universidade Federal de SantaCatarina, em que a prova é integralmente realizada em Libras,com vídeos, e posteriormente corrigida por um especialista em Libras”, disse o procurador. A UFMS tem dez dias para informar ao MPF quais serãoas providências tomadas para realizar as modificações. Caso a recomendação não seja atendida, o MPF poderá adotar medidas judiciais.