Diretor de organização internacional é expulso da Venezuela

19/09/2008 - 21h20

Vinicius Konchinski
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O diretor-executivo para as Américas da organizaçãonão-governamental Human Rights Watch (HRW), José Miguel Vivanco, afirmouhoje (19) ter sido expulso da Venezuela ontem à noite, horas depois de divulgar umrelatório criticando o governo de Hugo Chávez. Vivanco disse que foisurpreendido por cerca de 20 agentes ao chegar ao hotel ondeestava hospedado, em Caracas, e obrigado a pegar um avião para São Paulo juntocom seu assistente, Daniel Wilkinson.Chileno, Vivanco disse que trabalhava na Venezuela há um anoe meio, produzindo o documento da HRW. Segundo ele, durante todo operíodo, uma equipe de advogados, jornalistas e cientistas políticos analisouos impactos do “chavismo” no Estado de Direito venezuelano. Os resultados dapesquisa foram apresentados em uma coletiva de imprensa realizada na manhã dequinta-feira, e segundo o próprio Vivanco, motivaram sua expulsão.“Os agentes venezuelanos agiram de forma abusiva e arbitrária. Fomos tratados com criminosos”, disseVivanco. “Sabíamos que o relatório seria criticado pelo governo,mas não esperávamos uma reação como esta.”De acordo com o diretor da HRW, o documento apresentadoaponta que Chávez tem modificado a estrutura de instituições para pôr emprática, a todo custo, seu projeto bolivariano de integração sul-americana.Essas ações estariam o deixando imune a críticas da oposição política e livrepara legitimar a concentração do poder no país.“O exemplo mais claro foi a mudança na Suprema CorteVenezuela”, afirmou Vivanco. “Até 2004, ela tinha 20 juizes. Chávez nomeou mais 12,todos declaradamente favoráveis a ele, e assim garantiu a maioria na Corte.”Vivanco afirmou que o Venezuela não vive uma ditadura, masdisse que lá existem sérios casos de abusos de poder e de intolerância contra movimentos oposicionistas..Ainda hoje, a Agencia Bolivariana de Noticias,mantida pelo governo venezuelano, publicou notas informando que a expulsão dosmembros da HRW foi uma resposta a uma agressão da soberania nacional. Nosinformes da agência, o governo venezuelano afirmou que a HRW estaria cumprindoa “missão de validar acusações feitas pelos imperialistas”, citando depois ogoverno norte-americano.Vivanco rebateu às críticas do governo venezuelano. afirmandoque a HRW é uma organização isenta. A própria ONG já teria realizado outrosestudos e protestos contra o governo dos Estados Unidos.Após as entrevistas, Vivanco e seu assistente seguirampara o Aeroporto Internacional de Guarulhos, onde embarcaram para Nova York.