Ocupação do Exército não muda rotina de comunidades no Rio

14/09/2008 - 15h09

Cristiane Ribeiro
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Acostumados com a presençaconstante da Polícia Militar em operações parareprimir o tráfico de drogas, inclusive com apoio de carrosblindados da corporação - conhecidos como caveirões- os moradores de favelas da zona oeste do Rio de Janeiro nãose intimidaram e nem mudaram a rotina com a chegada do Exércitona manhã de hoje (14).Cerca de dois mil homens da BrigadaPára-Quedista do Exército, sediada no Rio, ocuparam ascomunidades de Vila Aliança, em Bangu, e de Sapo, Coréiae Taquaral, em Senador Camará.Osmilitares integram a Operação Guanabara, criada apedido do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para garantir segurançaem áreas dominadas pelo tráfico de drogas ou pormilícias, e onde apenas candidatos apoiados por eles poderiamfazer campanha.Na Coréia, somente neste ano,10 pessoas morreram em confronto com a polícia em uma operaçãopara prender o traficante Márcio da Silva Lima, conhecido comoTola. Ele seria o chefe do tráfico na comunidade. Otraficante faz parte dos 10 bandidos mais procurados no estado e aSecretaria de Segurança Pública oferece recompensa deR$ 2 mil para quem capturá-lo ou informar seu paradeiro.Ontem (13), quatro corpos dehomens, ainda não identificados, foram encontrados pela polícia,abandonados em um terreno na favela.Mesmo diante deste quadro, o generalFernando Azevedo e Silva, comandante da Brigada Pára-Quedista doExército e coordenador da operação, garantiu quenão houve alteração na estratégia deocupação, na comunidade. Segundo ele, as tropas estãoposicionadas em pontos determinados pelo Tribunal Regional Eleitoral(TRE) e vão dar apoio ao trabalho dos fiscais da propagandaeleitoral, para reprimir as irregularidades.Para o general, os fogos de artifíciolançados na chegada das tropas federais não serviram paraanunciar a presença dos militares. Ele acredita que os fogosestavam sendo lançados por militantes de partidos políticosque acompanhavam carreatas de candidatos."A Brigada Pára-Quedista édo Rio de Janeiro desde 1945. O soldado nosso é do Rio deJaneiro, então estamos dentro da nossa cidade e não hásurpresas. Não estamos em operação de guerra. Éum trabalho solicitado pelo Tribunal Regional Eleitoral",destacou o general, lembrando ainda que a brigada é treinada paraatuar em área urbana e já tem a experiência daatuação no Haiti.Somente nas primeiras duas horas deocupação na Coréia, os fiscais do TRE recolheram4 toneladas de material irregular de campanha, mas nenhum incidentefoi registrado.