Não há risco de faltar gás na Argentina, diz Cristina Kirchner

05/08/2008 - 20h07

Paula Laboissière
Enviada especial
Buenos Aires (Argentina) - Após suspender sua viagem aodepartamento boliviano de Tarija, a presidente da Argentina, Cristina Kirchner,manifestou preocupação em relação à situação no país vizinho e negouque exista algum risco iminente de desabastecimento de gás da Bolívia na Argentina.“Não há perigo, de forma alguma,na provisão de gás, porque existem contratos firmados. Acredito que vai haverestabilidade. Não vai haver nenhum problema, porque confio plenamente que asinstituições funcionam e que todos respeitam a Constituição”, disse,acompanhada pelo ministro argentino de Relações Exteriores, Jorge Taiana.O presidente boliviano EvoMorales aguardava não apenas Cristina, mas também o líder venezuelano HugoChávez, que chegou ontem (4) a Buenos Aires para uma visita de Estado e um encontrotrilateral com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.Cristina reconheceu, entretanto,que na medida em que as instituições democráticas de qualquer país sãoafetadas, a estabilidade da nação também sofre. A Bolívia vive um momento decrise política, desde o ano passado, e está dividida entre uma Constituição quevários departamentos renegam e os estatutos de autonomia, considerados ilegaispor La Paz.Diante da confirmação do referendo revogatório de mandatopela Corte Nacional Eleitoral da Bolívia – marcado para o próximo dia 10 –, eladefendeu a gestão de Evo Morales e avaliou que o líder boliviano é “umpresidente eleito pelo povo” e que se submete a um referendo previsto naConstituição.Em janeiro deste ano, o governoboliviano e as nove províncias do país chegaram ao acordo de realizar umreferendo revogatório, caso não se chegasse a um consenso sobre o Imposto Diretode Hidrocarbonetos (IDH) e sobre a compatibilidade entre a nova Constituição eos estatutos autonômicos.A idéia do referendo surgiu por iniciativa de Evo Morales. No domingo, o presidente e nove prefeitos (equivalentes aos governadores brasileiros),colocarão os mandatos à disposição dos eleitores, que dirão se eles devemcontinuar em seus cargos ou não. Quem receber menos votos do que teve quando foieleito perderá o mandato.“Estava disposta a viajar para aBolívia quando se produziram episódios que são de conhecimento público edecidimos não ir. Quero manifestar nosso desejo da mais rápida normalização [naBolívia]. Seguramente, haverá uma nova oportunidade de visita para poderfirmar um acordo muito importante para o povo boliviano e o povo argentino edefinitivo para a articulação da equação energética.”Esta foi a segunda coletiva deimprensa da presidente Cristina durante os quase sete meses de gestão. Aprimeira ocorreu no último sábado (2), quando ela fez um balanço de seugoverno. O ex-presidente da Argentina e marido de Cristina, Néstor Kirchner,não chegou a promover nenhum encontro para maiores esclarecimentos à imprensadurante seu mandato.