Luciano Coutinho defende manutenção da TJLP na faixa de 6,25% ao ano

05/08/2008 - 16h26

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O presidente do BancoNacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), LucianoCoutinho, defendeu hoje (5) a permanência da Taxa de Juros deLongo Prazo (TJLP) na atual faixa de 6,25% ao ano. A TJLP, usada peloBNDES em operações de financiamento, foi mantidaestável nesse patamar durante a reunião do ConselhoMonetário Nacional, em julho. Coutinho rebateu os economistas que afirmam quemanter estável a TJLP, enquanto a taxa básica de juros(Selic) sobe, tira um pouco da eficácia da políticamonetária. Segundo ele, investimentos firmes criam capacidadee estabilizam o nível de uso de capacidade. “O amadurecimento dos investimentos feitos nosúltimos dois anos é que tem permitido a estabilizaçãodo nível de uso de capacidade.” Para Coutinho, acontinuidade dos investimentos é importante para manter aestabilidade ao longo do tempo.Ele disse que a criação decapacidade produtiva representa a criação de ofertafutura, conciliando crescimento e produto potencial e estabilidade.Os investimentos necessitam de financiamento de longo prazo e, porisso, é importante manter uma taxa de juros de longo prazo queestimule o investimento. “Porque ela [taxa] contribuirápara a estabilidade de preços.”Luciano Coutinho afirmou também que ainflação vai voltar para as metas. Por isso, ressaltou,é olhar “para isso de maneira um pouco mais paciente ecoerente com a própria política de controle da inflaçãoque está sendo perseguida pelo Banco Central”.Ele atribuiu a razões históricasrelacionadas à dívida mobiliária a elevada taxade juros praticada no Brasil. “[Essa dívida] émuito alta e muito curta e precisa ser equacionada de forma maisadequada à realidade de um país que já tem graude investimento.” Essa classificação, dada ao Brasileste ano pelas agências de rating(classificação de risco) Standard&Poor’s e Ficth Rating, considera o paíscomo um bom pagador. “É um pouco uma herançahistórica de um processo que foi muito difícil deestabilização.”Segundo Coutinho, oBrasil ainda precisa consolidar o processo de crescimento econômicocom segurança e avançar em termos de finançaspúblicas e de gestão da dívida mobiliáriapara ser considerado totalmente isento de riscos parainvestimentos. “Temos ainda muitos avanços a fazer, mas oimportante é que a direção e a firmeza dapolítica macroeconômica brasileira vão levar àmelhoria do nosso rating. Quanto mais favorável éo rating, melhor para toda a economia”, afirmou.

Para minimizar o descompasso entre aoferta e o conjunto da demanda, que inclui investimentos, consumo egastos do governo, Coutinho entende que uma “ligeira”desaceleração da economia seria positiva para ocontrole da inflação. Para ele, tal desaceleraçãoestará em curso a partir dos movimentos já feitos pelaspolíticas monetária e fiscal para combater a inflação.

O presidente do BNDES disse aindaque, do lado da oferta, a produção industrial,principalmente a indústria de bens de capital, vemapresentando crescimento satisfatório. “Os investimentos têmcrescido e se mantido de maneira firme” Luciano Coutinho participouhoje, no Rio, de seminário promovido pela Associaçãoe Sindicato dos Bancos do estado.