Candidatos que concorrem este ano estão 46% mais ricos do que em 2006

05/08/2008 - 18h55

Morillo Carvalho
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Em média, ospolíticos que se elegeram em 2006 e agora sãocandidatos a vereador ou a prefeito nas eleições deoutubro estão 46% mais ricos. É o que revela olevantamento Declarações Patrimoniais - Eleiçõesde 2008 e Evolução Patrimonial em Relaçãoa 2006, da organização não-governamental (ONG)Transparência Brasil. Os dados foram colhidosem todos os estados, menos no Distrito Federal, onde não háeleições para prefeito e vereador.As informaçõesforam conseguidas a partir da declaração patrimonialque cada candidato deve apresentar à Justiça Eleitoralquando faz o registro da candidatura. Ao todo, o estudo aferiu opatrimônio de 916 candidatos a prefeito e a vereador dascapitais este ano, sendo que foi possível fazer a comparaçãocom 2006 de 441 políticos.Para o diretor-executivo daTransparência Brasil, Cláudio Weber Abramo, o que maischama a atenção nos números é que, sesomados os patrimônios de todos os candidados passíveisde comparação, os 46% revelam um enriquecimento incomumpara um período de dois anos.“É um númeromuito elevado. Observe-se que esse número é eloquenteno agregado, e é menos eloquente no particular, ou seja,deve-se imaginar que, se o sujeito teve uma evoluçãopatrimonial de 100%, por exemplo, isso tenha sido perfeitamenteexplicável. O que chama atenção é que, noagregado, ou seja, no conjunto dos candidados, o número denível ativo à evolução patrimonial sejatão elevado. É muito alto, nenhuma aplicaçãodá isso”, explicou.A média de 46% na evoluçãopatrimonial corresponde a um enriquecimento médio de R$ 535,4mil no período. Segundo Abramo, nãohá nenhum comparativo da evolução patrimonialcom desempenhos de gestão, como, por exemplo, denúnciasde corrupção ou enriquecimento ilícito. “Nãohá essa relação entre o enriquecimento da pessoae o histórico administrativo dela, porque não hácomo, objetivamente, estabelecer esse tipo de relação”,disse. As informações estão disponíveisno site do Projeto Excelências, da ONG. Lá, épossível ver que os dados são colhidos a partir defontes públicas, entre elas, apenas a Câmara dosDeputados e a Assembléia Legislativa do Rio Grande do Suldisponibilizam todas as informações sobre seusparlamentares – incluindo-se aí a presença emplenário e nas comissões e as verbas complementares querecebem. Nenhuma Câmara de vereadores o faz por completo. “OProjeto Excelências tem a finalidade de fornecer informaçõessobre as pessoas que estão em exercício nas CasasLegislativas para que elas utilizem essa informação ecombinem com outras informações que tenham para formarsua opinião a respeito do desempenho dos candidatos. Como seinterpreta aquela informação fica a cargo de cada um”,disse Cláudio Abramo.Entre os deputados federais que vãodisputar a cargos eletivos este ano, os que tiveram maior evoluçãopatrimonial são Lindomar Garçon (PV-RO), que declarouque tinha R$ 80 mil em 2006 e agora tem R$ 444,7 mil, uma diferençade 455,9%; Sandro Matos, com diferença de 222,7% a mais noperíodo e Waldir Maranhão (MA), com 221,4%.Algunspolíticos declararam que tiveram o patrimônio diminuídono período. São os casos de Sebastião Madeira(MA), com menos 79,4%, Carlos Souza (AM), menos 63,4% e Nilmar Ruiz,com menos 60,3%.Ainda de acordo com o levantamento, o recordistano aumento de patrimônio é o vereador de Manaus VítorGomes Monteiro (PTN). Em 2006, ele declarou que seu patrimônioera de R$ 200. Este ano, é de pouco mais de R$ 27 mil, umaumento de 13.534,3%.